quinta-feira, 31 de março de 2011

A mudança de data na Páscoa - Ano Litúrgico (2a Parte)

Entendido a postagem anterior, sobre o "Equinócio", fecho minha explicação...

O Ano Litúrgico é o tempo que marca as datas dos acontecimentos da História da Salvação. Não é como o ano civil, que começa em 1º de Janeiro e termina em 31 de Dezembro. Ele é o período de doze meses, divididos em tempos litúrgicos, onde se celebram como memorial, os mistérios de Cristo, assim como a memória dos Santos.

Os povos antigos comemoravam o equinócio da primavera. Significava o início do período de fertilidade, onde os frutos começariam a brotar. O ano era luni-solar: 12 meses de 29 ou 30 dias, com um mês suplementar cada dois ou três anos para tirar o atraso do ciclo lunar sobre o ano solar.
Desde o ano de 367 a.C., os sábios babilônicos, repartindo a intervalos fixos 7 meses suplementares sobre um ciclo de 19 anos, anularam, salvo umas duas horas, este atraso. Os macedônicos, em 312 a.C., adotaram este sistema, inaugurando “a era dos gregos”, que prevaleceu para todo o Oriente.
Na Babilônia conservou-se o ano primaveril. Entre os judeus, o ciclo cultural começa também na primavera; o ano novo civil, ao contrário, era celebrado no outono, mas a numeração dos meses se fazia começando na primavera, portanto, como na Babilônia.
A observação da lua nova de nisan (mês Babilônico = março/abril mês solar) é que fixava todo o calendário: normalmente ela seguia o equinócio da primavera, podendo o intervalo chegar a 29 dias.

Com base no que foi comentado acima, podemos perceber que existiu a necessidade de se organizar essas comemorações. E assim a Igreja fez, ao longo de séculos, estabelecendo um calendário de datas a serem seguidas, que ficou sendo denominado de “Ano Litúrgico” ou “Calendário Litúrgico”.
O Ano Civil começa em1º de Janeiro e termina em 31 de Dezembro. Já o Ano Litúrgico começa no 1º Domingo do Advento (cerca de quatro semanas antes do Natal) e termina no sábado anterior a ele.

A Igreja, para comemorar o Tempo da Quaresma e o Tempo Pascal, resolveu aproveitar o calendário antigo, marcando como data para ser comemorada a Páscoa o 1º domingo, depois da 1ª lua cheia imediatamente após o equinócio da primavera (por volta de 20 de março). Caso haja coincidência, por exemplo, o equinócio e 1ª lua cheia caírem no mesmo domingo, então será esta a data.
Neste ano (2011), tivemos uma lua cheia em 19 de março e vamos ter a próxima em 18 de abril. Como o equinócio foi em 21 de março, vamos comemorar a Páscoa no domingo dia 24 de abril.
O Tempo da Quaresma é comemorado em torno de 40 dias antes do Tempo Pascal, começando na quarta-feira de cinzas e terminando na quinta-feira da semana santa. Neste ano, a quarta-feira de cinzas caiu no dia 9 de março, 43 dias antes da quinta-feira da semana santa.


Dedico esta pesquisa ao círculo Céu, especialmente a Claudio/Josi e Leo/Pati. Dever de casa cumprido.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A mudança de data na Páscoa - Equinócio (1a Parte)

O início desta resposta começa no Equinócio. Equinócio? Quem é do interior pode perguntar: E qui nócio e esse? rssss...

Na astronomia, equinócio é definido como o instante em que o Sol, em sua órbita aparente, (como vista da Terra), cruza o plano do equador celeste (a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste). Mais precisamente é o ponto no qual a eclíptica cruza o equador celeste. A palavra equinócio vem do Latim, aequus (igual) e nox (noite), e significa "noites iguais", ocasiões em que o dia e a noite duram o mesmo tempo. Ao medir a duração do dia, considera-se que o nascer do Sol (alvorada ou dilúculo) é o instante em que metade do círculo solar está acima do horizonte, e o pôr do Sol (crepúsculo ou ocaso) o instante em que o círculo solar está metade abaixo do horizonte. Com esta definição, o dia e a noite durante os equinócios têm igualmente 12 horas de duração. Entedeu?

Os equinócios ocorrem nos meses de março e setembro e definem as mudanças de estação. No hemisfério norte a primavera inicia-se em março, e o outono em setembro. No hemisfério sul é o contrário: a primavera inicia-se em setembro, e o outono em março.

As datas dos equinócios variam de um ano para o outro, devido aos anos trópicos (o período entre dois equinócios de março) não terem exatamente 365 dias, fazendo com que a hora precisa do equinócio varie ao longo de um período de dezoito horas, que não se encaixa necessariamente no mesmo dia. O ano trópico é um pouco menor que 365 dias e 6 horas. Assim num ano comum, tendo 365 dias e - portanto - mais curto, a hora do equinócio é cerca de seis horas mais tarde que no ano anterior. Ao longo de cada sequência de três anos comuns as datas tendem a se adiantar um pouco menos de seis horas a cada ano. Entre um ano comum e o ano bissexto seguinte há um aparente atraso, devido à intercalação do dia 29 de fevereiro.

Também se verifica que a cada ciclo de quatro anos os equinócios tendem a se atrasar. Isto implica em que, ao longo do mesmo século, as datas dos equinócios tendem a ocorrer cada vez mais cedo. Dessa forma, no século XXI só houve dois anos em que o equinócio de março aconteceu no dia 21 (2003 e 2007); nos demais, o equinócio tem ocorrido em 20 de março.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Quaresma

A quaresma tem seu inicio na quarta-feira de cinzas e seu término ocorre na quinta-feira santa, até a celebração da Missa da Ceia do Senhor Jesus Cristo com os doze apóstolos... os católicos realizam a preparação para a Páscoa. O período é reservado para a reflexão, a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus visando o crescimento espiritual. Os fiéis são convidados a fazerem uma comparação entre suas vidas e a mensagem cristã expressa nos Evangelhos. Esta comparação significa um recomeço, um renascimento para as questões espirituais e de crescimento pessoal. O cristão deve intensificar a prática dos princípios essenciais de sua fé com o objetivo de ser uma pessoa melhor e proporcionar o bem para os demais.
Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa. Assim, retomando questões espirituais, simbolicamente o cristão está renascendo, como Cristo. Todas as religiões têm períodos voltados à reflexão, eles fazem parte da disciplina religiosa. Cada doutrina religiosa tem seu calendário específico para seguir. A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa penitência. O roxo no tempo da quaresma não significa luto e sim simboliza que a igreja está se preparando espiritualmente para a grande festa da páscoa, a ressurreição de Jesus Cristo.
Cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d. C., a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma.

terça-feira, 1 de março de 2011

QUARESMA: É TEMPO DE SONHAR!

Procurando o que colocar para retomar as publicações do Blog encontrei esta mensagem do nosso provincial, Frei Miguel Angel Hernández - OAR, com um chamado para a Quaresma.

Como é bom acreditar que é possível um outro mundo, uma outra sociedade, uma outra igreja, um outro homem. Como é bom acreditar que é possível transpor barreiras, cruzar fronteiras, estreitar laços, unir corações, derrubar muralhas, estender pontes, criar fraternidade.
Como é bom pensar que as armas deste mundo podem virar instrumentos de trabalho e que as bandeiras brancas da paz podem silenciar os canhões...
Como é bom sonhar com um mundo onde as pessoas se olham nos olhos, onde o dicionário da nossa língua desconhece palavras como desonestidade, falsidade, injustiça, traição.
Como seria bom descobrir um país onde não se encontrassem resquícios de mágoas e ressentimentos, onde não existissem marcas do egoísmo e do orgulho, reminiscência alguma de invejas e intolerância...
Como seria bom apostar em uma cidade sem grades...
Como seria bonito enxergar nos rostos dos homens a transparência e a pureza do seu espírito, o sorriso límpido da sua alma e a ternura e a bondade do seu coração.
Como é bom saber que Deus sonha com a gente, aliás, que nós somos o sonho de Deus e, mais ainda, que podemos tornar realidade o sonho de Deus.
Só quem acredita, espera e sonha com este mundo, poderá lutar com todas as suas forças para construí-lo. A tua vida é a medida dos teus sonhos.
Vidas medíocres, sonhos pequenos. Santo Agostinho falava que é o homem que faz o tempo. Se queremos novos tempos, precisaremos de novos homens, ou melhor, de homens novos.
O mundo, a sociedade, nossos povos e nações, e também a nossa Igreja, precisam de “sonhadores”, de homens e mulheres cheios de esperança que acreditem na proposta de Deus.
Talvez por isso nossas quaresmas passam despercebidas e nossas constantes tentativas de conversão apenas inclinam a balança, porque no fundo não acreditamos que o homem possa ser diferente daquilo que já conhecemos. E como lutar por algo em que não acreditamos? Só um “louco sonhador” como Jesus conseguiu nos convencer de que as coisas poderiam ser bem diferentes. Só um exército de sonhadores ao estilo de Jesus poderia arrasar o pessimismo da face da terra e demolir toda raiz de desânimo, de comodismo e de indiferença.
Chega de profetas de calamidades, de agoureiros de desgraças, de vaticinadores de fatalidades. Longe de nós os que se recriam e deleitam em tirar as nossas forças, longe de nós os “desanimadores de carteirinha”, os que torcem pelo nosso fracasso e se alegram quando caímos e nos damos mal. Fora da nossa vida os que querem nos atingir com seu azedume e sua amargura e todos os que não se conformam em nos ver crescer, progredir, sorrir e vencer. Abaixo a ditadura dos críticos, que não conseguem ver nada que preste nas nossas obras e ações porque, constantemente, projetam sobre nós suas frustrações e carências.
Eu acredito no homem que Deus criou. Eu acredito numa humanidade sonhadora.
Venha se alistar e fazer parte desse exército de sonhadores. Complicado? E muito, mas se nessa tentativa você mudar pelo menos um pouco de si mesmo, talvez seja a Quaresma mais proveitosa de todas.
Alguém falou que “os ideais são como estrelas, não se alcançam, mas guiam nossa conduta”.
Nossos sonhos talvez sejam elevados demais, inconquistáveis até, mas se vivêssemos em função destes sonhos, nossa vida não seria diferente?