segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Exílio da Babilônia

Em meados de 598 a.C. os babilônios conquistaram o Egito, Judá e Jerusalém, iniciando a primeira das três deportações que levaram para a Babilônia cerca de 4.500 judeus, sendo uma pequena parte da elite dirigente, artesãos, sacerdotes e escribas. Enfim, gente que poderia liderar uma revolta contra o poder invasor.
O exílio foi a mais grave crise pela qual passou o povo de Deus, pois ele perdeu suas principais referências: a terra, que passou a pertencer a um rei estrangeiro e não mais ao povo (lm 5,16); o rei, o ungido de Deus para guiar o povo, que estava morto ou exilado (lm 5,16); a Lei, que regia os relacionamentos dentro do povo (lm 2,9); o templo está destruído e Jerusalém não é mais a capital (lm 1,1); o povo agora é escravo morando em sua própria terra (lm 5,4).
Os primeiros escritos do exílio mostram bem a crise política e religiosa que levaram muitos a abandonarem a religião e a voltar para práticas religiosas antigas (Jr 44,17).
São desta época os livros: Lamentações, a redação final de Jeremias, Ezequiel e o segundo Isaías. Este foi um período de conscientização, de reflexão, sendo a primeira preocupação do profeta evitar que o exílio acabasse com a identidade do povo de Deus. Mostrar que o povo teve responsabilidade pela situação, a desobediência, e não Javé que era um Deus fraco, derrotado por Marduc (Deus estrangeiro).
Foi nesta época que veio a concepção do Gênesis (mitologia babilônica), que foi desmistificada e racionalizada, e que dando o sentido do paraíso (Jardim do Édem) a um lugar bonito, que de lá viemos e para lá vamos retornar. O povo vai entender que Javé é o único Deus e os outros não são Deuses (Isaías 43,10 e 44,6), tendo a certeza de que a libertação estaria próxima (Isaías 41, 1-7 e 45, 1-7).
O profeta Isaías reconstitui as promessas antigas de que Deus é Senhor da história (Isaías 46-47). O profeta Ezequiel mostra que Deus não está preso a uma determinada terra. Deus está ali, onde seu povo se encontra (Ezequiel 11, 22-25).
Enquanto os livros históricos tratam do "ontem" e os proféticos tratam do "hoje e amanhã", os sapienciais são livros de sabedoria, que falam daquilo que é "sempre", tendo no seu imaginário as questões mais profundas do ser humano e a sua relação com o universo. São livros que ensinam a pessoa a fazer o que gosta, a buscar a felicidade.

Luiz Felipe

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Gênesis

Este assunto, Gênesis, Criacionismo ou Evolucionismo, era uma eterna pergunta minha quando criança. Quando entrei na Igreja, aos 19 anos, mergulhei de cabeça nas coisas de Deus, pois aprendi que não devemos ser morno, ou quente ou frio, morno vomito-te (diz a palavra).
Se acreditamos em Deus, se vemos sentindo em um mundo que graças a Cristo consegue olhar um pouco para o outro. Temos que mergulhar de cabeça e entender o que diz a palavra (Bíblia), temos que mergulhar de cabeça e aprender a importância da oração, temos que mergulhar de cabeça e procurar cada vez mais os sacramentos (os sinais de Cristo nas nossas vidas).
Por exemplo, quando estudamos a palavra e o que diz os exegetas (estudiosos da palavra), descobrimos que o Gênesis é uma mitologia, tirada das mitologias. É uma leitura literária, imaginária para explicar uma coisa, mas sem pretensão de ter base cientifica. No entanto, não deixa de ter sua riqueza, uma vez que tem sentido na formação teológica do homem.
Tem um escritor católico, Prof. Felipe Aquino, Teólogo, Doutor em Engenharia do Ita, que eu gosto muito de ler e recomendo, pois seus livros são ricos em ensinamento. Neste assunto, que eu venho desenvolvendo nos últimos dias tem um livro chamado “Ciência e fé”, onde ele fala das descobertas da Igreja ao longo dos séculos e que ao contrário do que muitos acham, ela é a pioneira na ciência, contribuindo com muitas das grandes descobertas (os mosteiros desde os primeiros séculos eram repletos de monges curiosos e estudiosos).
Também gosto muito dos artigos do D. Estevão Bettencourt, Mosteiro de S. Bento – RJ, que fundou a “Mater Ecclesiae” (Escola de Fé e Catequese), http://www.materecclesiae.com.br/ .
Segue matéria de D. Estevão na revista pergunte e responderemos:
Em síntese: O segundo relato da criação do mundo e do homem (Gn 2,4b-3,24) põe em confronto o homem e a mulher para afirmar que compartilham a mesma natureza e tem a mesma dignidade. Criação e evolução não se opõem entre Si, desde que se admita que Deus criou a matéria inicial, dando-lhe as leis de sua evolução, e cria até hoje toda alma humana (que é espiritual).

1. O relato javista e a origem do homem

Em Gn 2,4b tem início outra narração referente às origens, de estilo mais primitivo que a anterior: recorre a muitos antropomorfismos (Deus é oleiro, jardineiro, cirurgião, alfaiate, em vez de criar com a sua palavra apenas, como em Gn 1,1-2,4a); não menciona nem o mar com seus peixes nem os astros (o que revela horizontes limitados). Data do século X a.C. (fonte javista, J). Essa descrição começa por notar que não havia arbusto, nem chuva nem homem, mas apenas uma fonte de água, que ocasionava a existência de barro. Para compreender a intenção do autor sagrado, examinemos, antes do mais, a dinâmica do texto em pauta:

Muito estranhamente, Deus cria em primeiro lugar o homem (2,7). Depois planta um jardim ameno, onde o coloca (2,8.15); verifica que o homem está só (2,18). Cria os animais terrestres (2,19); mas o homem continua só (2,20). Então Deus cria a mulher e a apresenta ao homem, que exclama: “Esta sim! É osso dos meus ossos e carne da minha carne!” (2,23). Este curso de idéias poderia ser assim reproduzido:

Vê-se, pois, que o relato não tem em mira descrever a fenomenologia ou o aspecto científico da origem das criaturas, mas, sim, visa a responder a uma pergunta: qual o relacionamento existente entre o homem e a mulher? Qual o papel da mulher frente ao homem? Estas questões de ordem filosófico-religiosa perpassam todo o relato. Para responder-lhes, o autor apresenta o homem (varão) sozinho; verifica duas vezes que ele está só, porque nenhuma planta e nenhum animal se lhe equiparam; finalmente Deus tira matéria do próprio homem para com ela formar a mulher; assim se justifica a exclamação: “Esta sim! E da minha dignidade!” Desta forma, o texto sagrado nos diz que a mulher não é inferior ao homem, mas compartilha a natureza do homem; é o vis-à-vis do homem. Esta afirmação é de enorme valor: já no século X a.C. a S. Escritura propunha uma verdade que muitos povos hoje não conseguem reconhecer e viver.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Gênesis (o segundo relato)

O segundo relato, mais antigo (Gn 2,4b-3,24), de tradição javista, Iahweh Deus faz primeiro o homem e depois o resto da criação. O ser humano do sexo masculino é formado primeiro e dele é tirada a mulher, para uma caracterização da submissão ao homem. Esta narração é unida a outra sobre o paraíso e a queda. Há, portanto, ao menos duas grandes tradições, a da criação do homem e da mulher, a "antropogonia", e a do paraíso e da queda. Provavelmente o que ajudou o autor a reuni-las foi o fato de que as duas falam de jardim.
Este relato da criação não quer ser uma obra de história, é um gênero literário, é um livro de sabedoria, simbólico, mas de reflexão antropológica e teológica em torno do sentido da vida, do Bem e do Mal, das verdades fundamentais na construção de uma sociedade justa. Ele afirma que o ser humano foi feito do barro, que pode ser moldado, modificado, que a natureza humana provém da matéria, portanto, da terra.
O Jardim do Édem é colocado como um lugar bonito pelo autor que parece projetar saudade sobre um passado possível de retorno. A história do jardim pode ter sido igualmente uma fórmula utópica de pregação para estimular a mudança, ou seja, vamos construir um mundo sem violência que permita a todos serem aquilo que são: imagem e semelhança de Deus (Gn 1,27). Na figura deste jardim encontramos os anseios mais humanos e mais divinos de uma vida em plenitude, de harmonia, de justiça e de paz.
A árvore da ciência ou a árvore do centro do jardim não é uma questão de conhecimento, mas de limite. O outro, o próximo é a medida do limite. Deus não permite que haja exploração dos dons, das qualidades e daquilo que cada um produz. Outro pode ser adubado, podado, mas tem que ser respeitado, não pode ser tocado, bulinado.
A tentação da serpente é a tentação constante, que ainda hoje se repete, de eliminar o outro usando todos os meios. Ser igual a deuses significa ter a posse e o direito sobre o outro (cf. 3, 1-13).
No geral a mensagem que fica é que Deus criou todas as coisas conforme o seu tempo e a sua vontade. O homem, olhando da ótica evolucionista, foi parte desta criação, que ainda como Homo erectus, Homo faber, Homo sapiens e Homem de Neandertal, na figura de Adão e Eva, recebe o sopro de Deus, começando aí a racionalidade. O direito de escolha, o livre arbítrio, só somos livres porque temos a racionalidade, a liberdade e a capacidade para amar.
O homem se difere dos outros seres por esta capacidade de racionalizar para amar, o símbolo do barro quer mostrar isto, que o homem veio da terra, mas que pode ser moldado, cuidado, respeitado, modificado e amado. Afim de também respeitar e cuidar do próximo, do outro (árvore da ciência), não querendo ser maior, não querendo ser como deuses que dominam, escravizam e tiram até o direito de descanso, não querendo usurpar, ter as coisa alheias e até enganar e matar para isto (Caim e Abel). O outro, neste caso, é a medida de limite, pois nossa liberdade acaba quando invadimos a privacidade do próximo.
O mal nesta visão é a ausência do bem, se não há amor aí está o mal, quando como serpentes enganamos, trapaceamos estamos praticando o mal. Por isto, Cristo em sua sabedoria divina nos chama a amar até os nossos inimigos e nos mostra que por pior que este seja Deus está ali.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Gênesis (os dois relatos da Criação do mundo)

O primeiro relato, mais recente (Gn 1,1-2,4a), de tradição sacerdotal, é mais teológico. Nesta narrativa, Deus não age, apenas ordena pela palavra, e tudo acontece. Ele inicia afirmando a origem de tudo nas águas. "No princípio, Deus criou o céu e a terra. Ora a terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um sopro de Deus agitava a superfície das águas" (cf. 1, 1-2). Procura contar as origens do céu e da terra, pretendendo oferecer uma visão completa da origem dos seres segundo um plano refletido. Tudo vem a existência sob a ordem de Deus e tudo é criado segundo uma ordem crescente de dignidade. Deus é anterior à criação e todos os seres receberam dele o dom da vida. Este corrige os aspectos androcêntricos (homem como centro), colocando homem e mulher em igualdade, pois ambos são à imagem e semelhança de Deus (cf. 1,27).
A narrativa da criação, de tradição sacerdotal, partiu da experiência dos direitos negados, dentro da escravidão da Babilônia, colocando a ação de Deus dentro de uma estrutura semanal, com um sétimo dia, no qual não há trabalho, mas celebração da vida. "Deus concluiu no sétimo dia a obra que fizera e no sétimo dia descansou" (cf. 2,2). O texto mostra que o ser humano deve trabalhar e que é por meio do trabalho que terá sua subsistência, que através dele o ser humano ganha o seu pão de cada dia. Mas defende o direito de descanso que desde aquela época (Exílio) até os dias de hoje é muitas vezes negado, e esta estrutura do texto pode ter significado uma forma de resistência ou também um protesto contra a exploração do trabalho. Muitas vezes, ainda nos dias de hoje, vemos estas situações onde o trabalhador é roubado nos seus dons, é escravizado numa política de emprego cruel imposta pela sociedade. Uma desigualdade financeira que não permite a maioria, moradia, alimentação, saneamentos decentes e nem sequer o direito ao descanso. A narrativa nos leva a reflexão de como devemos olhar o trabalho do outro, não explorando os seus dons, tempo e a dignidade.
Continua...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Criacionismo x Evolucionismo (2)

Segundo os darwinistas a partir do livro "A Origem das Espécies", do inglês Charles Darwin, animais inferiores, durante milênios, foram evoluindo para espécies superiores, passando pelos primatas, dando no homem e na mulher, nesta seqüência: Homo erectus, Homo faber e Homo sapiens.

Os criacionistas afirmando ser Deus, por ação direta, o Criador de todas as espécies vivas e, de modo especial, da espécie humana. Para estes o primeiro casal humano não resultou, portanto, de uma longa milenar evolução das espécies animais, mas surgiu de uma ação onipotente e sábia do próprio Deus.

Os criacionistas afirmam que "grande parte das estruturas biológicas humanas são complexas demais para terem surgido de acordo com o modelo darwinista de acúmulo gradual de modificações aleatórias". Acrescentam eles haver muitos "buracos" na teoria evolutiva "como o súbito aparecimento de formas de vida espantosamente variadas no período cambriano". Sem a interferência de um "Projetista inteligente" (= Deus), não se explica nem a impressionante diversidade das espécies vivas e muito menos, da espécie humana.

Oficialmente, como vemos com este pronunciamento de Bento XVI, a Igreja Católica e o Magistério dos Papas não excluem a possibilidade da teoria evolucionista, desde que o início do processo evolutivo tenha tido origem partindo de Deus. Ele, o Criador, seria o autor das possíveis leis da evolução que, atuando durante milênios e milênios teriam resultado no primeiro casal humano. Assim, a hipótese darwinista da evolução das espécies, até dos primatas de que teria surgido o homem, é uma possível explicação ao lado do criacionismo que, também, tem a seu favor fortes razões filosóficas e não apenas religiosas ou bíblicas.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Criacionismo x Evolucionismo

O criacionismo se infiltra em comunidades religiosas, em geral protestantes, que se orientam na gênese bíblica, fazem uma interpretação literal do texto do livro do Gênesis, recusam a Evolução e mantém a fé na criação divina. Cientistas Religiosos aderiram à causa, os Criacionistas "Científicos" tentam enquadrar dados da natureza na revelação bíblica com a "Ciência" da Criação, normalmente rejeitando também, além do pensamento que explica a vida na Terra pela Evolução Biológica das Espécies, a teoria científica dominante de origem do Universo, o Big-Bang.

Enquanto a maioria das Igrejas protestantes é criacionista, a Igreja católica considera este debate, criacionismo ou evolucionismo, um absurdo. O Papa João Paulo II já havia dito que "a teoria da evolução é mais do que uma hipótese"; isto é, tem bases científicas. Criação e evolução não se opõem entre si, desde que se admita que Deus criou a matéria inicial, dando-lhe as leis de sua evolução, e cria até hoje toda alma humana, que é espiritual. Esta matéria inicial pode ter dado inicio ao chamado Big Bang (a grande Explosão) segundo os astrofísicos modernos.

O Papa Bento XVI afirmou, no encontro com o clero das dioceses de Belluno-Feltre e Treviso (Roma, 2007), que a teoria da evolução pode coexistir com a fé. O Papa explicou que o evolucionismo e o criacionismo são apresentados como alternativas que se excluem uma à outra. “Esta oposição é um absurdo porque por um lado há muitos testes científicos a favor da evolução”, mas por outro lado esta teoria não responde a grande pergunta filosófica "De onde vem tudo?", com a qual se entende a ação de Deus.
Continua...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Profeta Joel

Ainda recentemente defendeu-se que o profeta Joel seria de uma época próxima ao fim da monarquia. Mas a maioria dos estudiosos opta pelo período pós-exílio (meados de 400 a.C.), pois existe em seus relatos uma ausência de referência a um rei, alusões ao exílio, a reconstrução do templo, contatos com o Deuteronômio e com os profetas posteriores, Ezequiel, Sofonias, Malaquias e Abdias (cf. introdução a Joel). Ele provavelmente viveu em Judá e Jerusalém. (cf. 3,5; 4,1).
O profeta faz um apelo à necessidade de se fazer penitência e oração. Depois do período do exílio o país estava desolado. "A oblação e a libação foram suprimidas da casa de Iahweh. Estão de luto os sacerdotes. O campo está devastado, porque o grão está devastado, o óleo seca. A colheita do campo está perdida. A vinha seca. A alegria falta no meio dos homens". (cf. 1, 9-12)
A mensagem do profeta é que se faça penitência a Iahweh, pois o país tinha sido devastado por seus inimigos e o povo estava sem esperanças. Diante desta penitência, em tom profético, Iahweh viria em socorro de seu povo. "Tocai a trombeta em Sião, Dai alarme em minha montanha santa! Tremam todos os habitantes da terra, porque está chegando o dia de Iahweh!" (cf. 2,1)
Deus chama a retornar a Ele de todo o coração, com jejum, com lágrimas e gritos de luto. (cf. 2,12) Se mostra como um Deus bondoso e misericordioso, lento para a ira e cheio de amor, e que se compadece da desgraça. (cf. 2,13)
A mensagem seguinte a esta, e que eu considero também muito importante, seria a promessa de Deus de enviar, de derramar o seu espírito sobre toda a carne. (cf. 3,1) E que todo aquele que invocar o nome Iahweh, será salvo. (cf. 3,5)
A mensagem motiva a reflexão de momentos da vida. Muitas vezes, as pessoas se sentem feridas, angustiadas, falta perspectiva para a vida ou elas estão, muitas vezes, em momentos em que parece que tudo está perdido. Pode ser uma situação amorosa complicada, um trabalho que não lhe dá prazer, então não se produz, a falta de emprego, o comodismo. São situações que nos aproximam bem deste pós-exílio, que nos leva a uma falta de alegria, que nos deixa de luto, muitas vezes em depressão.
O profeta neste momento nos chama a fazer penitência, a fazer jejum, a orar, pedindo ao Senhor que venha em nosso socorro, que mostre a saída para nossas dificuldades, que mostre os nossos erros (com uma boa reflexão) e que nos convida a corrigir o caminho (as falhas) a retornar a Ele de todo o coração. Ele nos lembra que Deus é bondoso, misericordioso, cheio de amor (Deus aqui aparece como um Deus amoroso), que se compadece do nosso sofrimento e que nos quer bem.
Fica, também, aqui a promessa do derramamento do espírito. Muitas vezes, não sabemos o que fazer e pedimos, hoje, na Igreja, o derramar do Espírito Santo; pedimos seus dons, sua força, seu incentivo, sua providência. É este espírito que nos dá "FÉ", que nos ergue para caminharmos no Senhor, dando-nos esperança em dias melhores e a certeza de que, como diz o profeta, "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." (cf. 3,5)

Boa hora para rezar a São Miguel (Mi-ka-El, que significa “Quem é como Deus?”)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Anjos e Demônios

“A vida cristã é luta – Ademais, fortaleçam-se no Senhor e na força do seu poder. Vistam a armadura de Deus para poderem resistir às manobras do diabo. A nossa luta, de fato, não é contra os homens de carne e osso, mas contra os principados e as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos do mal, que habitam as regiões celestes”. (Efésios 6, 10-12)
Aproveitando a quaresma de São Miguel (vide comentário anterior) resolvi desenvolver o assunto. Muitos acham que o mal é culpa das pessoas, que ele está nas pessoas. Outros que o mal é a ausência de Deus, uma vez que Deus é amor e a ausência de amor gera o mal. Sim a ausência de Deus e de valores cristãos gera o mal, mas o mal também é espiritual. O Demônio existe e isto se vê explicitado em trechos da sagrada escritura e é confirmado pelo magistério da Igreja.
Um dia com calma e quando achar que convêm testemunharei uns casos que presenciei.

O Arcanjo Miguel já era con­siderado pelos Hebreus como o príncipe dos anjos, protetor do povo eleito, símbolo da potente assistência divina para com Israel. O Antigo Testamento, ao menos três vezes ressalta a figura de Miguel: no livro de Daniel (Dn 10,13.21; 12,1), onde ele é mostrado como o defensor do povo hebraico e o chefe supremo do exército celeste que se coloca ao lado dos fracos e dos perseguidos. O seu nome em hebraico, “Mi-ka-El”, significa “Quem é como Deus?”. Foi este o grito de batalha com o qual venceu Lúcifer com os anjos rebeldes e reuniu sob a mesma bandeira todos os Anjos fiéis. Seu próprio nome é uma demonstração de fidelidade e de humildade, um grito de amor, um programa de vida.
No Novo Testamento, São Miguel Arcanjo é apresentado como adversário do demônio, vencedor da última batalha contra Satanás e seus seguidores (Ap 12, 7-8). São Miguel Arcanjo é citado no versículo 9 da Carta de Judas, como protetor dos justos, em luta contra Satanás pelo corpo de Moisés. Na Primeira Carta aos Tessalonicenses (4, 16) é iden­tificado como o Arcanjo anônimo que precederá o momento da ressur­reição final.
Para os cristãos, o Arcanjo São Miguel é considerado como o mais poderoso defensor do povo de Deus e nosso aliado na luta diária contra as forças do mal. O Arcanjo, além de ser invocado como protetor aqui na terra, é também o guia das almas dos mortos até o Céu. A São Miguel atribui-se ainda a missão de pesar as almas após a morte. Por isso, em algumas de suas representações iconográficas, além da espada, o Ar­canjo traz na mão uma balança. O culto ao Arcanjo Miguel é de origem oriental. O imperador Con­stantino a partir de 313 d.C. dedicou-lhe uma particular devoção, constru­indo-lhe um imponente santuário em Constantinopla (hoje, Istambul, na Turquia). No fim do século V o culto difundiu-se rapidamente em toda a Europa após a aparição do Arcanjo no monte Gargano, sul da Itália. Outro lugar de veneração de São Miguel é na Normandia, França.
Além do Judaísmo e do Cristianismo, também o Islamismo venera o grande Arcanjo São Miguel. Para cada um de nós deve ser um aliado no combate a todo tipo de mal, de soberba e ambição. Que o seu exem­plo nos torne cada vez mais dóceis à vontade de Deus!

Luiz Felipe

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Maná

Partilhando ainda sobre o Pentateuco (5 primeiros livros da Bíblia), mas especificamente onde a história do povo hebreu começou: a fuga do Egito.
Descobri algo interessante outro dia em relação ao “maná”. Como vocês sabem o pão que caiu do Céu para alimentar o povo no deserto. Olha que interessante esta ferramenta chamada internet, descobri que o maná é uma seiva que brota da árvore do “tamarisco” no deserto de Sinai. Esta seiva resseca durante a noite fria e cai no chão em forma de pequenas pérolas muito doces. Os Beduínos utilizam o maná até os dias de hoje, um fenômeno daquela região.

À noite, quando caía orvalho sobre o acampamento, caía também o maná. (Num 11, 9)

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Êxodo

Êxodo (caminho de saída ou aprendizagem no caminho)

Pode-se dizer que o Êxodo é praticamente o início da história do povo de Israel, que estava cativo, escravizado no Egito. Diante deste quadro crítico, alguns clãs (grupos), dentre escravos, já tomavam consciência da realidade e da necessidade de mudar. A eles se juntam os "hapiru", que eram pobres sem terra e sem lugar fixo, vivendo em bandos e lutando pela sobrevivência. Do nome "hapiru" vem a palavra "hebreu".
A libertação começa em mais ou menos 1.250 a.C. quando Iahweh ouve o clamor do povo e envia Moisés, que havia nascido hebreu, e fora posto à beira do rio para ser encontrado e mais tarde adotado pela filha do Faraó.
Já crescido, estava Moisés conduzindo o rebanho de seu sogro, sacerdote de Madiã, e chegou ao Horeb, a montanha do Sinai. Quando o anjo de Iahweh lhe apareceu numa chama de fogo, no meio de uma sarça. Iahweh diz que vê o sofrimento, a angústia do povo, e que desceu a fim de libertá-lo. Iahweh aparece como um Deus preocupado e libertador, que conduz o seu povo de uma situação ruim para a liberdade, para a esperança de algo melhor. Ele se apresenta como aquele que É, EU SOU, e envia Moisés aos Israelitas.
Moisés então conduz o povo, que estava cativo no Egito, para a fuga. Durante os quarenta anos que permaneceram no deserto até que chegassem a terra prometida, juntaram-se a este o grupo de Madiã (pastores nômades), o grupo das montanhas (hapirus) e por fim o grupo de lavradores e pastores cananeus.
Os quarenta anos no deserto foram significativos para este povo que se juntou, pois tinham deuses, culturas e vivências diferentes. Este tempo, em que uma geração entrou no deserto, mas uma geração a sua frente saiu, foi duro, com muitas crises, muitas mudanças e o livro do Êxodo nos mostra as tentações de desistir e voltar atrás. Mas foi a mística da Aliança que transformou a diversidade dos grupos e formou a consciência da fé de um povo na crença em um único Deus, Iahweh, o Libertador. O povo ocupa a terra prometida e adota a justiça comunitária e a partilha como política a ser aplicada. Tudo é de todos conforme a sua necessidade.
Na leitura do livro do Êxodo 3, 1-15, Deus aparece como o Deus dos antepassados, das gerações (cf.3,6), mas ainda é um Deus distante do homem. Quando Ele manda Moisés tirar as sandálias (cf.3,5), quer mostrar que aquele solo é santo, mas também quer dizer que Moisés deve ser humilde, humilhado diante Dele, pois as sandálias eram um sinal de status, os escravos não usavam sandálias. A imagem é de um Deus temido, e de tal modo transcendente que uma criatura não podia vê-lo e continuar viva (cf.3,6a).
Deus quando fala a Moisés se mostra atento, preocupado, cuidadoso, misericordioso, conhecedor das angústias dos que sofrem (cf.3,7). Mostra-se como aquele que vem libertar, como incentivador, que vem dar coragem, providenciando uma situação melhor - subir desta terra para uma terra boa e vasta, terra que mana leite e mel (cf.3,8). O povo trabalha e usufrui do próprio trabalho. Se mostra um Deus que está junto (Eu estarei contigo) que envia, que capacita e que dá forças para servi-lo (cf.3,12). Deus se mostra como "Eu Sou aquele que É" (cf.3,14), o Senhor dos exércitos, aquele que está acima de todos, aquele que é único e poderoso.

Luiz Felipe