sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Em mim terás paz (2a. parte)

Jesus, em João 14,27, nos fala disso. Ele estabelece aí uma diferença, uma separação: "Eu vos deixo a paz, Eu vos dou a minha paz". Nós falamos isso na missa. Em toda missa a gente fala isso, mas nunca acreditamos nisso. Nós não cremos na Palavra de Deus.
Jesus diz: "Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz; não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem tenhais medo".
A Palavra de Deus nos diz para não ficarmos ansiosos, que o nosso coração não se turbe, a que a gente não tenha medo. Nós não recebemos um espírito de medo, diz a Sagrada Escritura, mas a paz do Senhor.
Jesus diz: "no mundo tereis tribulação. Em mim, tereis paz" (Jo 16,33). Enquanto estivermos fisicamente no mundo, teremos tribulação. Porque o mundo não pode dar outra coisa. Faz parte do sistema dele tribular, perseguir e hostilizar, mortificar aqueles que são de Deus, os que vivem a vida de Jesus, porque o mundo não suporta isso, repetimos. Como não suportou a Jesus. O mundo não suporta Jesus e não suporta aqueles que vivem a vida de Jesus.
Temos de saber que o mundo nos odeia e que vamos ter tribulação continuamente. Faz parte, é nossa missão estar em território inimigo, sendo hostilizados continuamente por esse inimigo. "No mundo, tereis tribulação". Não há escapatória.
Temos de contar com ela. "Mas não temais. Eu venci o mundo." "Coragem! eu venci o mundo." O mundo não pode nada contra nós. Não precisamos ter medo. "Eu vos dou a minha paz, e a minha paz vos guardará."
Deus nos colocou aqui no mundo e aqui vamos sofrer as pressões do mundo, as exigências do mundo, as necessidades do mundo. Mas também nos colocou em Cristo Jesus. Fomos colocados por Deus em Cristo Jesus, para sermos sustentados por Ele, guardados imperturbáveis no meio de todas as pressões e tribulações do mundo.Então, aqueles que vivem a vida de homens carnais, como diz São Paulo, serão arrastados pelo mundo, porque vivem segundo o mundo, com sua mente conforme o mundo. Mas aqueles que obedecem à Palavra da Sagrada Escritura: "Não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos mediante a renovação da vossa mente", esses não são arrastados pelo mundo, porque o mundo não os engana mais.
Se é a vida do Espírito que está em nós, ficaremos imperturbáveis, venceremos o mundo, não por nos opormos a ele, não porque o combatemos, mas por não sermos daqui; por sermos de outro mundo, de um modo muito positivo: no poder de Deus, no poder do Alto. Por possuir um amor, uma alegria, uma paz, fruto do Espírito, que o mundo não pode dar nem tirar e porque temos todas essas coisas em Cristo Jesus, coisas de que os homens tanto necessitam, nós podemos dar isso aos homens. Podemos transmitir a boa nova aos homens, que eles não têm necessidade mais de viver segundo a carne, mas de viver no Espírito crendo em Jesus.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Não sei como adorar

No dia em que diante do Santíssimo Sacramento reconheceres a grandeza de quem se encontra diante de ti, sentirás o desejo de adorá-lo.
Vamos começar pelo princípio: tens realmente o desejo de adorar o Senhor? Sim? Magnífico! Não necessitas nada mais. Coloca-te na presença de Jesus exposto na custódia (ostensório), prosta-te diante Dele reconhecendo tua pequenez, tua miséria, teu nada; ante Ele que é o Santo, o Todo-Poderoso, o Misericordioso, todo Amor, que sendo o Filho de Deus - igualmente Deus - por amor a ti e a toda a humanidade quis salvar-nos a todos e se humilhou.
Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.
Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. “E toda a língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor" (Filipenses 2,6-11).
Se, esse Jesus Cristo, Filho de Deus, é o que está presente com seu corpo, sangue, alma e divindade na hóstia, esse pedacinho de pão já não é pão. O pão é ele mesmo ali, hoje e sempre, o que te tem amado até a loucura de dar sua vida na cruz por ti.
O dia que diante do Altíssimo Sacramento reconheceres - não com teu entendimento, mas com teu ser - a grandeza, majestade e santidade de quem se encontra frente a ti, sentirás o desejo de adorá-lo e Ele te mostrará o caminho.
Pede "o desejo de ter o desejo", de arder em desejos de adorá-lo em sua presença santa. Se creres que necessitas de ajuda, peça ajuda a Nossa Mãe Maria quem, com toda segurança, adorou a seu filho no presépio; e é possível que ela te fale de humildade e sensibilidade.
A sensibilidade é um ponto chave para a adoração. Recordo uma história do camponês que passava horas diante do Santíssimo sem abrir a boca, e quando o pároco intrigado lhe perguntou o que ele fazia ali tanto tempo, ele respondeu: "Eu olho para ele e ele me olha".Oxalá aprendêssemos a lição do camponês, assim chegaríamos a ser verdadeiros adoradores em Espírito e Verdade.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Em mim terás paz

São Paulo nos diz: "E a paz de Deus guardará os vossos corações". Esse "guardará", na mente do apóstolo é o seguinte: a paz de Deus montará guarda em torno de nossos pensamentos e corações. A paz de Deus é como uma guarnição militar em torno de nossos pensamentos e corações. Para o inimigo chegar até mim, ele tem primeiro de combater a guarda que está aí, montada no portão. Vai ter de vencê-la. Se ele não combater essa guarda, se ele não a vencer, não poderá chegar até mim. E essa guarnição que está no portão, guardando meu coração, meus pensamentos, é a Paz de Deus. Portanto eu posso estar tão em paz quanto Deus. Porque a paz que me está guardando é a paz de Deus!
Se soubéssemos o que é ser Filho amado do Pai, não nos preocuparíamos mais com 90 por cento das coisas com que gastamos nossa vida. A paz de Deus que nos guarda é a mesma paz que guarda Deus. Não é outra, e isso o mundo não sabe, não entende. Ultrapassa, diz São Paulo todo entendimento. Está além de qualquer compreensão. Mas, não! No mundo é chique a gente ter preocupações. Se não temos preocupações, se não torcemos as mãos e não arrancamos os cabelos, não somos humanos! Mas não somos chamados a ser humanos. Somos chamados a ser filhos de Deus. Para sermos humanos, não precisava Cristo ter morrido na cruz. Jesus não precisava ter morrido na cruz para eu continuar a viver uma vida de simples homem carnal.
Se vivo na paz do meu Senhor, não torço as mãos, nem arranco os cabelos, porque a paz de Deus monta guarda no meu coração, e sou arrancado do sistema do mundo.
Por mais, diz a Sagrada Escritura, estejais ansiosos. Por nada. E nada é nada mesmo! Palavras de Deus. E se somos de Jesus, guardamos os seus mandamentos. "Aquele que me ama guarda o meu mandamento", Palavra de Deus. "Por nada estejais ansiosos" - é uma ordem do Senhor. Se eu sou do Senhor, pratico essa palavra de Deus, eu a ponho em prática. "Porque em mim, eu tenho tudo o que é necessário para a vida e a piedade", diz a Sagrada Escritura. Portanto, por nada estarei ansioso, porque a paz de Deus guarda o meu coração, e eu não tenho de agir segundo o mundo, porque eu não estou mais com a forma do mundo na minha mente, na minha alma, mas estou vivendo segundo o homem novo que Deus colocou em mim, pela obra de seu Espírito Santo.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A fome termina quando aprendemos a compartilhar

Relatos de Madre Teresa de Calcutá sobre a opção pelos pobres.

1. Faz umas semanas, dois jovens vieram a nossa casa para oferecer-me muito dinheiro para dar de comer ao povo. Em Calcutá damos de comer a nove mil pessoas por dia. Queriam que o dinheiro se destinasse a alimentar esta gente.
Perguntei-lhes: De onde tiraram tanto dinheiro? Eles me responderam: "Nós acabamos de casar faz dois dias. Antes das bodas decidimos que não compraríamos trajes nem para a cerimônia nem para a festa. Queremos dar a você o dinheiro".
Para um hindu de classe alta isto é um escândalo. Muitos ficaram totalmente surpreendidos ao ver como uma família desse nível não havia comprado trajes nem havia organizado festas por motivo das bodas. Depois perguntei a eles: "Por que não o fizeram?"
Esta foi a estranha resposta que me deram: "Nos amamos tanto que queríamos dar algo a outros para começar nossa vida em comum com um sacrifício". Impressionou-me muito o constatar como estas pessoas estavam famintas de Deus. Uma maneira de manifestar-se o amor mútuo era fazer esse sacrifício enorme. Estou segura de que os ocidentais não podem entender o que significa isto. Em nosso país, na Índia, sabemos o que significa não ter vestidos e festas para a boda. Sem dúvida, estes dois jovens tiveram a audácia de comportar-se assim. Isto é verdadeiramente um amor em ação.
E, onde começa o amor? Na própria casa. Como começa? Rezando juntos. Uma família que reza unida permanece unida. E, se permanece unida, então se amarão uns aos outros como Deus nos ama.

2. Em uma ocasião, pela tarde, um homem veio à nossa casa para contar-nos o caso de uma família hindu de oito filhos. Não comiam há vários dias. Pedia-nos que fizéssemos algo por eles, de modo que tomei um pouco de arroz e fui vê-los. Vi como brilhavam os olhos das crianças por causa da fome. A mãe tomou o arroz de minha mãos dividiu-o em duas partes e saiu. Quando regressou, perguntei-lhe que havia feito com uma das porções de arroz. Respondeu-me: "Eles também têm fome". Sabia que os vizinhos da porta ao lado, os mulçumanos tinham fome. Fiquei mais surpresa por sua preocupação pelos demais que pela ação em si mesma. Em geral, quando sofremos e quando nos encontramos em uma grave necessidade não pensamos nos demais. Pelo contrário, esta mulher maravilhosa, débil, pois não comia há vários dias, tinha tido o mérito de amar e dar aos outros, tinha tido o préstimo de compartir.
Freqüentemente me pergunto quando terminará a fome no mundo. E eu respondo: "Quando tu e eu aprendermos a compartir". Quanto mais temos, menos damos. Quanto menos temos, mais podemos dar.

3. Uma vez encontrei a um homem em um desaguadeiro aberto em Calcutá. Havia visto que algo se movia na água; ao perceber o que acontecia me dei conta de que era um homem. Levei-o a nossa casa para moribundos. Temos um lugar para pessoas nesta situação. Em todos estes anos temos recolhido pelas ruas de Calcutá 45 mil pessoas como esta. Destas, 19 mil morreram rodeadas de amor. De modo que levei aquele homem a nossa casa. Não blasfemou, nem gritou. Seu corpo estava totalmente coberto de vermes. A única coisa que disse foi: "Tenho vivido toda a minha vida nas ruas como um animal. E agora vou morrer como um anjo, amado e atendido". Depois de três ou quatro horas morreu com um sorriso nos lábios. Esta é a grandeza de nossa gente.

4. Ultimamente vêm muitos jovens trabalhar em Calcutá com os moribundos, com os leprosos, ou na casa para as crianças. Um dia chegou também uma moça da Universidade de Paris. Em seu rosto se podia ver uma profunda preocupação. Porém depois de algumas semanas de trabalho com os moribundos, disse: "Encontrei Jesus". "Onde?", perguntei-lhe. Ela me disse: "Encontrei-o na casa dos moribundos". "E, que fizeste?" Confessei-me pela primeira vez depois de quinze anos e enviei um telegrama a meus pais porque encontrei Jesus. Em seus países, na Europa, na América, não sei se o povo morre de fome, porém eu vejo uma pobreza, todavia, mais difícil de extirpar: a solidão daqueles que são marginalizados, a sensação de não se sentir desejado, amado, o ver-se abandonado. Insisto que precisamos aprender a nos amar, pois se não nos amamos, não nos sentimos amados, não podemos amar.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A direção de Deus, problemas até entre os apóstolos.

O capítulo 15 de Atos dos Apóstolos começa com a conferência em Jerusalém dos apóstolos e anciãos que se reuniram para decidir se os cristãos provindos do paganismo eram obrigados a seguir a Lei. Concordaram então sobre certas restrições que os cristãos gentios deviam observar para não ofender os cristãos judeus, Paulo propôs uma volta às igrejas que ele e Barnabé tinham fundado, para transmitirem a decisão do conselho e verem como as igrejas estavam indo. Barnabé quis levar com eles João Marcos, mas Paulo não concordou. (cf. At 15,36-38)
Se voltarmos a Atos 13,13, descobrimos que numa viagem missionária anterior, João Marcos, aparentemente sem a aprovação de Paulo, desertou da equipe e voltou a Jerusalém. Embora nenhuma declaração crítica seja feita sobre seu abandono na época, quando Barnabé sugeriu que tomassem Marcos junto nessa viagem, Paulo disse, com efeito: "Não, ele nos abandonou antes, e não vou levar um desertor conosco desta vez." O resultado foi uma discussão azeda. (cf. At 15,39-40)
É bonita a franqueza da Sagrada Escritura. "A discordância se agravou a tal ponto que eles partiram cada qual para seu lado".
É muito encorajador, acho eu, quando a Bíblia revela as limitações dos líderes da Igreja Primitiva. São homens admiráveis e não há porque diminuí-los, mas agradeçamos a Deus a honestidade da Sagrada Escritura em mostrar-nos que eles também tiveram os seus problemas. Que Deus os tenha usado poderosamente apesar de tudo, dá-nos coragem, porque significa que Deus pode nos usar também, apesar de nossos problemas.
Paulo e Silas saíram na viagem e observem também que até este ponto não há nada de super espiritual na viagem deles. Nenhuma voz de Deus trovejando, nenhuma revelação detalhada do "Plano Piloto" de Deus. Paulo simplesmente sugeriu: "Vamos visitar as igrejas", e ele e Silas se puseram a caminho. Este foi o primeiro princípio.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Madre Teresa de Calcutá - O rosto da caridade

Nascida em Skopie, Albânia, atualmente capital da Macedônia, seu nome original era Agnes Gonxha Bojaxhiu. Realizou estudos em Dublin e em Darjeeling, viajando para a Índia em 1928, como noviça das Irmãs de Nossa Senhora do Loreto. Em Calcutá, dividiu a docência no St. Mary´s High School, escola da Ordem. Em 1937 tomou os votos definitivos. Chefe de estudos do colégio durante vários anos, em 1946 decidiu mudar de atividade e dedicar-se ao cuidado dos mais desfavorecidos de Calcutá, após comprovar que era mais importante o trabalho que podia desempenhar em uma das cidades mais pobres da terra. Dois anos mais tarde viajou para Paris para estudar enfermaria e atenção ao paciente, voltando pouco mais tarde à Índia para fundar uma escola para crianças. Em 1950 decidiu fundar uma congregação que denominou Missionárias da Caridade recebendo autorização da Diocese de Calcutá. Seu objetivo era dedicar-se exclusivamente ao cuidado dos enfermos, dos pobres e dos desvalidos de Calcutá. A regra da ordem era baseada nos votos tradicionais, quer dizer, pobreza, castidade e obediência. Pouco tempo mais tarde a Ordem foi aprovada por Roma, abrindo em 1952 a primeira Casa dos Moribundos Indigentes, chamada em hindu “Nirmal Hriday” (Coração Puro). Cinco anos mais tarde , em 1957, se dedicou também ao cuidado dos leprosos. Com o tempo o trabalho da congregação foi-se tornando cada vez maior e mais eficaz, estendendo seu trabalho não só a Calcutá como também a outras cidades da Índia e ainda aos cinco continentes. Seu trabalho abnegado, sua entrega incondicional e a defesa constante dos mais pobres lhe valeram ser reconhecida com vários prêmios como o Prêmio Internacional da Paz João XXIII, que lhe foi entregue pelo Papa Paulo VI, o Prêmio Bom Samaritano (Boston), e o Prêmio Nobel da Paz, que lhe foi concedido em 1979. Seu precário estado de saúde não a impediu de trabalhar a favor dos mais pobres até as suas últimas forças, a ponto do Papa João Paulo II, solicitar-lhe que diminuísse seu ritmo de trabalho devido ao seu delicado estado físico. Nacionalizada indiana, faleceu em Calcutá em 5 setembro de 1997, sendo reconhecida como uma das personalidades mais influentes, com seu exemplo nos fins do século XX.
Seu funeral foi tratado como de Estado, vários foram os representantes do mundo que quiseram estar presentes para prestar a sua homenagem. As televisões do mundo inteiro transmitiram ao vivo durante uma semana, os milhões que queriam vê-la no estádio Netaji. No dia 19 de outubro de 2003, o Vaticano beatificou Madre Teresa.Hoje a sua Congregação reúne 3 mil freiras e 400 irmãos, em 87 países, dando apoio aos mais necessitados em cerca de 160 cidades.

De tudo isso, o que se depreende é que a grandeza de Teresa de Calcutá se baseia na máxima do evangelho "amai-vos uns aos outros" e, ainda na certeza, não apenas simbólica, de que é o próprio Cristo que se serve no pobre, no doente e no encarcerado. Teresa de Calcutá veio nos ensinar a primazia do espiritual. Não a primazia do político, nem a primazia do social, mas do reino de Deus e sua justiça. Essa, nela e na família espiritual que espalhou pelo mundo, pela vida do amor de Deus sobre todas as coisas e do próximo como o Cristo nos amou, é a grande mensagem que deixa para nós.
Este é um exemplo de que os herdeiros da Promessa não a guardam para si, ao contrário, a promessa e a riqueza do Reino de nosso Pai multiplicamos ao dividir com outros, doando-nos e amando, levando dignidade.
O Reino de Deus se constrói com oração e trabalho e essa é a maior mensagem que Madre Teresa de Calcutá nos deixa: "A fome não é só de pão, a fome é de amor."

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A Igreja e o Reino

A Igreja não é um mero acessório no Plano de Deus. Ela integra o mistério da salvação. O Reino de Deus, que almejamos e que é dom de Deus para nós, não está, de modo algum, desvinculado da Igreja. Embora a Igreja, em seu estado de peregrina neste mundo, não realize plenamente o Reino, embora o Reino não esteja contido dentro das fronteiras visíveis da Igreja, embora o Reino transcenda a Igreja considerada em seu aspecto social e visível, ele, o Reino, já se encontra em germe nela e não pode ser concebido sem uma relação estreitíssima com ela. Desse modo, a Igreja não é apenas um sinal, entre outros, do Reino. Ela não é apenas “chamada” a ser “o melhor sinal”, como já ouvi alguém dizer por aí. Tal afirmação peca contra o legítimo conceito católico de Igreja. Ela, na verdade, é já o Reino em germe (Lumem gentium, 5), é “o” sinal visível e indefectível do Reino, é o “sacramento universal da salvação” (Lumen gentium, 48).
Foi uma concepção equivocada, que tem vigorado em certas linhas de pensamento teológico, que, querendo combater o que foi chamado de “eclesiocentrismo”, desvinculou o Reino e a Igreja, em favor de uma tal teologia “reinocêntrica”, segundo a qual o Reino de Deus, sendo a grande meta, deixa relativizada a Igreja. Desse modo, o Reino passou a ser considerado de tal forma que a sua relação com a Igreja foi empalidecida ou mesmo negada. E o próprio conceito de Reino sofreu violência ao ser tomado prevalentemente em sentido terrestre, como se outra coisa não fosse senão a realização da justiça e da paz social, o que nos leva à idéia de um vago reino de Deus em que o próprio Deus fica entre parênteses. A Igreja, nesse sentido, seria apenas um sinal do Reino entre outros tantos, já que qualquer entidade governamental, associação filantrópica ou ONG pode trabalhar muito bem em favor da justiça e da paz social. Não que a justiça social e a paz entre os homens sejam indiferentes ao Reino. Mas o Reino é muito mais. É a participação na vida divina.
Segundo a concepção “reinocêntrica”, o Reino poderia chegar sem relação com a Igreja. Para as posições mais extremadas dessa concepção, a Igreja seria uma espécie de acessório descartável, que, muitas vezes, teria mesmo prejudicado a implantação do Reino. Tal entendimento desconhece a natureza da Nova Aliança, que é sacramental no sentido forte da palavra: Deus quer valer-se de realidades sensíveis livremente escolhidas por ele, como a humanidade do Verbo, a Igreja visível, os sete sacramentos, para levar a efeito a obra salvífica. Desconhece o “mistério da Igreja”, do qual tanto fala o Vaticano II. Desconhece que a Igreja foi feita indefectível por graça de Deus, embora encerre no seu seio frágeis pecadores.
A indefectibilidade da Igreja, com a qual Cristo quis ornar sua Esposa, é a garantia de que, apesar de todas as fraquezas humanas que nela atuam, ela não pode falhar substancialmente em sua missão, e não pode ser reduzida simplesmente a um sinal entre outros do Reino. Ela é “o” sinal. Por disposição divina, o único Mediador entre Deus e os homens quer fazer-se presente entre nós mediante seu Corpo, que é a Igreja. Assim, a Igreja católica é a única via ordinária que nos conduz a Cristo, Mediador e Plenitude da Revelação, o Reino de Deus em pessoa, uma vez que Cristo a quis como instrumento e sacramento da salvação; somente nela estão presentes todos os elementos salvíficos queridos por Cristo, embora fora de sua demarcação visível se encontrem elementos de santificação e verdade. São palavras do Concílio Vaticano II: “Só pela Igreja católica de Cristo, que é o meio geral de salvação, pode ser atingida toda a plenitude dos meios salutares” (Unitatis Redintegratio, 3). Essa Igreja é a bandeira erguida entre as nações, de tal modo que o Reino de Deus, inaugurado por Jesus, nela atua eficazmente sem possibilidade de perda.A declaração Dominus Iesus, publicada em 2000 por ordem do grande e saudoso Papa João Paulo II, recorda a doutrina eclesiológica tradicional do magistério eclesiástico, ao dizer que, por disposição de Deus, a salvação não se dá sem relação com a Igreja: “A Igreja é ’sacramento universal da salvação’, porque, sempre unida de modo misterioso e subordinada a Jesus Cristo Salvador, sua Cabeça, tem no plano de Deus uma relação imprescindível com a salvação de cada homem”. Mesmo aqueles que se podem salvar fora dos quadros visíveis da Igreja em virtude de sua consciência cândida, podem-no por uma graça que mantém uma relação misteriosa com a Igreja, à qual Cristo Redentor uniu-se de modo irrevogável.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sucessão apostólica (conclusão)

Jesus revestiu aos apóstolos da Sua autoridade. A Bíblia em local algum indica que esta autoridade dentro da Igreja iria cessar com a morte dos apóstolos e em lugar algum diz que uma vez morto o último apóstolo, a Palavra de Deus escrita tornar-se-ia a autoridade final.
Não há fidelidade à Bíblia, sem fidelidade à Igreja de Cristo. A Igreja sempre foi "a coluna e o fundamento da verdade" (1 Tm 3,15) para os cristãos. Quem conhece a memória cristã sabe que a Bíblia demorou séculos para ser discernida pela Igreja e que os ensinamentos sucessores dos apóstolos eram recebidos como ensinamentos dos próprios apóstolos: "Impossível enumerar nominalmente todos os que então, desde a primeira sucessão dos Apóstolos, tornaram-se pastores ou evangelistas nas Igrejas pelo mundo. Nominalmente confiamos a um escrito apenas a lembrança daqueles cujas obras agora representam a tradição da doutrina apostólica" (HE III, 37,4).
É exatamente através da sucessão apostólica, que podemos identificar onde está a Igreja de Cristo. O colégio dos apóstolos é o que faz visível a Igreja Espiritual. Sem o ministério dos apóstolos não há Igreja; e a perpetuação deste ministério está no ministério dos sucessores dos apóstolos. Como vimos é isto que ensina a Bíblia e é este o testemunho da história do Cristianismo. E em conformidade com toda a Verdade, este é o ensinamento do Santo Padre o Papa, legítimo sucessor de São Pedro (príncipe e líder dos Apóstolos, cf. Lc 22,31s e Mt. 16,18-19).

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Caminhamos na fé

Muitas pessoas, se não a maior parte delas, vão pela vida sem sequer se perguntarem o que Deus quer naquele momento. Outras, que já querem agradar a Deus, ficam muitas vezes perplexas e se perguntam: "Será que isto é de Deus? Como posso ter a certeza?" No entanto, esta pergunta mesma revela a mais comum incompreensão de como Deus nos guia: as pessoas esperam ter a certeza da direção de Deus.É que há uma contradição básica entre "ter a certeza" e "ter fé". "Ter a certeza" elimina a necessidade de ter fé e a fé é indispensável à vida cristã. "Mas sem fé é impossível agradar a Deus: pois quem se aproxima de Deus deve crer que ele existe e recompensa os que o procuram" (Hb 11,6).
A maioria dos cristãos não quer caminhar pela fé, mas pela certeza. Deus, porém, determinou que caminhemos pela fé e não pela certeza. Quando as pessoas dizem: "Mas não estou certo do que Deus quer que eu faça", a resposta é: "Se você pudesse estar certo, não lhe exigiria nenhuma fé. Deus não deixará que você fique totalmente seguro.” Isto significa que embora Deus nos guie certamente sua direção normalmente não é tão explícita ou detalhada que não tenhamos que exercer a fé ao segui-la. A essência da direção consiste em receber de Deus impressões sutis e em seguida agir na fé, de acordo com essas impressões, confiantes de que são de Deus.
Deus nos dirige deixando pingar seus pensamentos no meio dos nossos - e não trovejando em nossos ouvidos ou atingindo-nos com raios do céu. Convém reconhecermos que temos um importante problema em aplicar a Sagrada Escritura em nossas vidas. Porque tendemos a olhar Bíblia e os personagens bíblicos em tamanho aumentado. Falamos de São João, de São Paulo. Damos seus nomes às nossas cidades, às nossas ruas, às nossas igrejas, aos nossos filhos. Contemplamos com admiração as obras de grandes artistas que os pintaram com auréolas sobre suas cabeças e pensamos: "Deus deve ter tratado com eles de maneira única". Numa palavra, consideramos Pedro, Paulo, os discípulos e outros heróis da fé como "super santos".Se quisermos compreender o tratamento que Deus nos dá precisamos corrigir essa visão distorcida. Os apóstolos eram pessoas comuns, como nós. Passaram pelas mesmas tentações e lutaram contra a mesma natureza humana rebelde. Foram salvos pela graça de Jesus Cristo da mesma maneira que nós. Receberam o poder e a direção do mesmo Espírito Santo, que quer nos dar poder e direção da mesma forma dinâmica.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

No mundo tereis tribulação

E Jesus tinha dito: "no mundo tereis tribulações", acabado, nada de surpresas. Jesus, já tinha nos dito que teríamos tribulações, estão elas aí. Mas, Jesus também disse: "mas em mim tereis paz". Então, no mundo de tribulações, no nosso interior a paz de Jesus, pois nós estamos com Ele e Ele está conosco. Nós temos uma liberdade de espírito, apesar de tudo, uma confiança, uma coragem, que vai vencer as piores dificuldades.
A marca de maturidade cristã é alegrar-se na atribulação. O combate espiritual é uma grande oportunidade para exemplificar o caráter de nosso Senhor.
Esse caráter de nosso Senhor é que o Espírito Santo está habitando em nós, portanto, em primeiro lugar vamos agir e devemos agir, segundo o caráter do Senhor. Quer dizer, agir no poder do Espírito Santo, no poder de Deus, no poder dos dons do carisma que ele nos dá.
E assim, quando nós exercemos esse Dom de que nós agimos segundo Jesus, o Pai do céu olha de cima e diz: Ah, essa é minha filha, esse é meu filho, está vendo é assim, como ele falou ao diabo, quando falou de Jó: Ah, você vem lá da terra. Ah, você viu lá o meu filho Jó, que maravilha.
Assim, ele olha para nós e vai dizer: Poxa, esse é meu filho, esta é minha filha, e ele se orgulha de nós, se é que Deus se orgulha. E assim, o diabo é derrotado diante de um filho de Deus, quando este toma a sério a palavra do Pai Celestial, e caminha na fé, por mais dura que seja a provação.
Encarar a obediência, em submissão a Jesus, é destruir a vontade e as obras de Satanás e demonstrar a bondade e a glória de Deus.

“Senhor, nós vos agradecemos porque vós desdobrais os vossos horizontes diante de nós. E nós podemos contemplar o infinito, que nos espera, essa beleza da liberdade dos filhos de Deus. E saber, que por mais que sejamos cercados pelas circunstâncias adversas, nós temos dentro de nós a infinitude do vosso amor, de vossa paz, de vossa alegria e de vossa presença. Muito obrigado Senhor, glória a Vós Senhor”. Amém.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Debaixo da provação

Em Hebreus no capítulo 12, nós vimos Deus, como Pai amoroso, que vai modelando e nos moldando pela disciplina para a perfeição. Ele está empenhado, nosso Pai, em fazer de nós seus filhos maravilhosos.Nós não estamos empenhados como ele. E talvez, daí venham as nossas dificuldades, nós gostaríamos que ele já nos colocasse na perfeição, maravilhosos, sem que precisássemos passar pelo processo da provação. Nós gostaríamos de estar ali sentados, ou quem sabe, deitados numa rede, entre dois coqueiros, com uma "aguinha de côco" geladinha, dois canudinhos, ouvindo o som das ondas nos embalando, e o vento passando por nossos cabelos, acariciando-lhes. Enquanto Deus "dá duro".Temos que aprender a ter disciplina, somos indisciplinados, somos desordenados, temos que aprender a ter ordem, temos potencialidade para isso, e nós só vamos nos desenvolver mediante o exercício dessas potencialidades.
Nós temos que fazer, temos que enfrentar, ser corajosos. Então, quando nós estivermos durante um tempo debaixo das provações, primeiro temos que saber de Deus, se tal provação tem um propósito, ou não.
Porque toda provação, que vem de Deus, tem um propósito, nos tornar cada vez mais perfeitos e melhores. Quando São Paulo pediu ao Senhor a remoção daquele espinho, na 2ª Carta aos Coríntios, capítulo 12, o Senhor lhe dá graça e paz, para aceitar o sofrimento, a provação, como gerador de humanidade para Paulo, para que ele não se enchesse de soberba. E você como reagiria se Deus lhe desse uma resposta semelhante, na sua provação?
Leia em Hebreus 12, e pergunte a Deus à luz dessa passagem o que você deve aprender na provação, como é que você pode crescer à luz dessa provação? Isso se o seu sofrimento lhe vem de Deus, quer dizer, se é para o seu aperfeiçoamento. Há sofrimentos que são abusos do inimigo. Então se é um sofrimento desnecessário, nesse sentido, ou se você está passando por uma hostilização do inimigo, você tem a autoridade para repreendê-lo, por uma ordem direta.
Então procure um grupo de aconselhamento, de discernimento, também de outras pessoas próximas de você, que possam discernir a finalidade de Deus, mais claramente, dentro do sofrimento e não se deixe levar pela auto-piedade. Corte toda a auto-piedade.
A auto-piedade é a derrota certa para você, transforme-a em triunfo. Ao invés da auto-piedade, você pode decidir agradecer a Deus pela provação e louvá-lo pelo seu plano de amor, que inclui esta provação. Ele vai derramar sobre você a graça do crescimento espiritual. Você pode precisar aqui ser prático. Deus é muito prático.
Então, nós temos que decidir, de forma prática, tomar os passos específicos, para restaurar um relacionamento que pode estar tenso, ou procurar um aconselhamento, por uma fraqueza emocional nossa, antiga, que pode e deve ser curada. Não se deixe paralisar pela auto-piedade, nunca.Você tem que estar ancorado em Deus, São Paulo diz que a esperança é como uma âncora. Então lance a sua âncora, a âncora da sua alma, nos atributos firmes, nos atributos infalíveis de Deus. Veja a escritura, aprenda ou reveja o que ela diz sobre o caráter de Deus, e reafirme a bondade de Deus, o amor de Deus e entre em contato com ele pela oração, pelo louvor. O amor de Deus é infalível, sempre está disposto para perdoar e restaurar seus filhos. Como na parábola do filho pródigo, o filho voltou sujo e cheirando mal, e o pai estava lá na beira da estrada, esperando ele voltar, e quando ele chegou perto, mesmo sujo e cheirando mal, o pai diz: "vamos fazer uma festa, porque meu filho que estava perdido voltou!"

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Apocalipse

O Apocalipse foi escrito entre o ano 90 e 100 d.C.. Era uma época de perseguição, onde a escola do império romano ensinava que o imperador era o Senhor do mundo (Ap 13, 4.14). Os cristãos diziam o contrário: “Jesus é o Senhor dos Senhores!” (Ap 17,14; 19,16). E não era só isso, o império tinha seus deuses e era em nome destes falsos deuses que o imperador se declarava Senhor do mundo, todos deviam prestar-lhe culto, deste modo, conseguiu montar um sistema que controlava a vida do povo (Ap 13, 16-17), explorando o pobre para aumentar o luxo dos poderosos (Ap 18, 3.9, 16).
Enquanto isso, para os cristãos, Deus era um só, Pai de todos, então todos se tornavam irmãos Nele. Por isso, em nome da fé, procuravam colocar em comum os seus bens (At 4,32). Diziam que todos eram iguais e condenavam os ricos que exploravam os trabalhadores. Por causa das diferenças recusavam-se a apoiar o sistema injusto do império romano (Ap 18, 4).
O conflito estava aberto, pois o novo regime pregado pelos cristãos ameaçava o sistema do império e, de fato, uns trinta anos depois da morte de Jesus o imperador Nero decretou a primeira grande perseguição, por volta de 64, foi o início dos tempos difíceis.
Depois da morte de Nero, os cristãos tiveram um tempo de paz, mas que não era completa, pela ameaça que eram ao sistema do império. Por isso, em torno do ano 90, o imperador Domiciano decretou nova e mais violenta perseguição, com torturas para que os cristãos abandonassem a fé.
Foi para esse povo sofrido, das pequenas comunidades, espalhadas pelo império romano, sobretudo na Ásia Menor, que João escreveu o Apocalipse. Como hoje, também naquele tempo havia os fracos e os pobres que continuavam firmes na fé e na luta. Havia os que estavam perdidos, sem enxergar o rumo. Havia os que misturavam as coisas, sem entender direito o sentido. Todos perseguidos! Todos precisando de uma palavra de esclarecimento, de conforto e de coragem.
Apocalipse é uma palavra que vem do grego. Quer dizer revelação. O véu que separava, que não separa mais, pois foi revelado. A luz outrora apagada, que agora brilha. Esta é a Boa Nova que o Apocalipse quer revelar ao povo das comunidades: “O tempo está próximo!” (Ap 1, 3). Dentro do tempo da história, marcado pelas perseguições, existe o tempo de Deus, a hora de Deus, o plano de Deus. E é a esperança, na vinda desse tempo, que vem para libertar, que o povo é chamado a se apegar.
Por isso, o Apocalipse é antes de tudo, uma mensagem de conforto e de esperança para um povo em crise, ameaçado na sua fé por causa das mudanças e das perseguições. O Apocalipse, com todo o simbolismo, com a materialidade das visões para o seu significado aplicado, quer ajudar o povo a encontrar-se, novamente, com Deus, consigo mesmo e com a sua missão. Quer animá-lo a não desistir da luta e armá-lo melhor para o combate.
Qualquer interpretação do Apocalipse feita para meter medo ou para aumentar o desânimo deve ser considerada como errada e falsa, fugindo ao contexto histórico no qual ele foi elaborado e inspirado.

Luiz Felipe

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O que diz a história da Igreja sobre sucessão apostólica?

Se estamos falando a verdade, devemos obrigatoriamente encontrar na história da Igreja, provas de que a Sucessão Apostólica realmente existia. Caso contrário estaremos somente especulando sobre o que realmente existia na Igreja primitiva, como faz atualmente o protestantismo.
Vamos ver agora se encontramos na história da Igreja alguma prova da existência da sucessão dos apóstolos:
Clemente de Roma, o 4º Bispo de Roma na sucessão de São Pedro, em sua primeira carta aos Coríntios (90 D.C) escreve: "42. Os apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo, portanto vem de Deus, e os apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm da vontade de Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de Deus e com plena certeza dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam suas primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está escrito: 'Estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé' (Is 60,17)"
"44. Nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por esse motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião da morte desses, outros homens provados lhes sucedessem no ministério.”
Vejam que desde o início do Cristianismo já se sabia que os Bispos da Igreja são os sucessores dos Apóstolos. Temos uma prova clara de que a Sucessão dos Apóstolos tinha como objetivo perpetuar o ministério dos Apóstolos, já que a Igreja deveria permanecer ainda na terra durante séculos.
Portanto, ninguém pode ser intitular Bispo, se não tiver recebido as sagradas ordens através da legítima sucessão dos Apóstolos; e ninguém pode se intitular pastor da Igreja se não tiver recebido a sagrada ordem pelas mãos de um legítimo Bispo.A Igreja Apostólica é como um rio, que possui sua nascente na sucessão dos Apóstolos. É do Colégio dos Apóstolos que a Igreja possui a sua origem, segundo designo do próprio Cristo.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O que é Igreja Apostólica?

Hoje em dia está na moda nas novas seitas protestantes adicionarem o adjetivo "apostólica" aos seus nomes. Mas será que toda igreja é apostólica? Será que toda igreja tem que ser apostólica? Será toda "igreja" pode adotar para si o adjetivo "apostólica", sem detrimento de seu real significado?

O Ensinamento da Igreja Católica
O Catecismo da Igreja Católica ensina: "Para que a missão a eles [aos apóstolos] confiada fosse continuada após sua morte de Jesus, confiaram a seus cooperadores imediatos, como que por testamento, o encargo de completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando-lhes que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os instituíra para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram, pois, tais varões e administraram-lhes, depois, a ordenação a fim de que, quando eles morressem outros homens íntegros assumissem seu ministério."
"Assim como permanece o encargo que o Senhor concedeu singularmente a Pedro, o primeiro dos apóstolos, a ser transmitido a seus sucessores, da mesma forma permanece todos Apóstolos de apascentar a Igreja, o qual deve ser exercido para sempre pela sagrada ordem dos Bispos." Eis por que a Igreja ensina que "os bispos, por instituição divina, sucederam aos apóstolos como pastores da Igreja, de sorte quem os ouve, ouve a Cristo, e quem os despreza, despreza a (aquele por quem Cristo foi enviado".
Os protestantes em contrapartida alegam que nunca houve sucessão apostólica, e que a Igreja Apostólica é simplesmente aquela fiel á doutrina bíblica. Afirmam ainda que a reunião dos fiéis constitui a Igreja.

O que ensina a Bíblia?

A Bíblia ensina que Nosso Senhor Jesus Cristo, deu o governo da Igreja aos Santos Apóstolos: "Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou" (Lc 10, 16). Aqui vemos o testemunho da autoridade dos apóstolos sobre toda a Igreja, dada pelo próprio Cristo.A Bíblia dá testemunho de que os apóstolos claramente escolheram sucessores que, por sua vez, possuíram a mesma autoridade de ligar e desligar. A substituição de Judas Iscariotes por Matias (cf. At 1,15-26) e a transmissão da autoridade apostólica de Paulo a Timóteo e Tito (cf. 2 Tm 1,6; Tt 1,5) são exemplos de sucessão apostólica.Além destes exemplos claros há também os implícitos como o caso de Apolo. Apolo era um Judeu natural de Alexandria que conhece o verdadeiro Evangelho em Éfeso (cf. At 18,24-28). A Bíblia diz que Apolo foi levado aos discípulos de Cristo que se encontravam em Corinto (cf. At 19,1).
São Paulo ao escrever sua primeira carta aos cristãos de Corinto faz menção de Apolo, vejam: "Pois acerca de vós, irmãos meus, fui informado pelos que são da casa de Cloé, que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de que entre vós se usa esta linguagem: 'Eu sou discípulo de Paulo; eu, de Apolo, eu, de Cefas; eu, de Cristo" (1Cor 1,11-12).
Bem, sabemos de onde surgiu Apolo e que ele foi enviado a Corinto, mas o que ele está fazendo na Igreja de Corinto? São Paulo continua: "Pois que é Apolo? E que é Paulo? Simples servos, por cujo intermédio abraçastes a fé, e isto conforme a medida que o Senhor repartiu a cada um deles: eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem faz crescer" (1 Cor 3,5-6).
Notaram? São Paulo fundou a Igreja em Corinto, mas quem cuidava desta Igreja era Apolo, era ele que no dizer no Apóstolo, regava, isto é cuidava da Igreja. Apolo era então o Bispo de Corinto, instituído pelos apóstolos. Apesar das palavras do apóstolo serem claras, isso explica porque os cristãos de Corinto, ao criar um partido, escolheram o nome de Apolo, que era o líder daquela comunidade, isto é, o Bispo.O episcopado de Apolo fica ainda mais claro, nas seguintes palavras de São Paulo:"Portanto, ninguém ponha sua glória nos homens. Tudo é vosso: Paulo, Apolo, Cefas (Pedro), o mundo, a vida, a morte, o presente e o futuro. Tudo é vosso! Mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus. Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos mistérios de Deus" (1Cor 3,21-22; 4,1).Vimos que a Sagrada Escritura ao contrário do que ensinam os "entendedores da Bíblia", não nega a existência da Sucessão dos Apóstolos, como meio de perpertuar de forma segura o ministério dos Apóstolos, ao contrário, ela confirma isso.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O "Evangelho de Judas”

Entrevista com o Padre Thomas Williams, Decano de Teologia
ROMA, quinta-feira, 6 de abril de 2006 - "National Geographic" anunciou sua intenção de publicar uma tradução em vários idiomas de um antigo texto chamado "O Evangelho de Judas". O manuscrito de 31 páginas, escrito em copta, encontrado em Genebra em 1983, não aparece até agora traduzido nas línguas modernas. Foi pedido ao padre Thomas D. Williams, decano da Faculdade de Teologia da Universidade Regina Apostolorum, em Roma, que comente a importância desta descoberta.

O que é o Evangelho de Judas?
- Padre Williams: Mesmo que o manuscrito ainda deva ter autenticação, provavelmente é um texto do século IV ou V, uma cópia de um documento anterior, redigido pela seita gnóstica dos Cainitas.
O documento apresenta Judas Iscariotes de maneira positiva e o descreve obedecendo à ordem divina de entregar Jesus às autoridades para a salvação do mundo. Pode ser uma cópia do "Evangelho de Judas" citado por Santo Irineu de Lyon em sua obra "Contra as heresias", escrita em torno do ano 180.

Se é autêntico, supõe algum desafio à fé da Igreja Católica? Abalará as bases do cristianismo, como sugerem algumas notas de imprensa?
- Padre Williams: Certamente não. Os evangelhos gnósticos - há muito outros - não são documentos cristãos em si, já que procedem de uma seita sincretista que incorporou elementos de diferentes religiões, incluindo o cristianismo. Desde o momento de sua aparição, a comunidade cristã rejeitou estes documentos por sua incompatibilidade com a fé cristã. O "Evangelho de Judas" seria um documento deste tipo, que teria grande valor histórico, já que contribui a nosso conhecimento do movimento gnóstico, mas não supõe nenhum desafio para o cristianismo.

É verdade que a Igreja tentou encobrir este texto e outros documentos apócrifos?
- Padre Williams: Estas são invenções lançadas ao público por Dan Brown, o autor de “O Código Da Vinci”, e outros autores que apóiam a teoria da conspiração. Você pode ir a qualquer livraria católica e obter uma cópia dos evangelhos gnósticos. Os cristãos não crêem que sejam verdadeiros, mas não há nenhum intento de escondê-los.

Mas não crê que um documento assim põe cheque as fontes cristãs, em particular os quatro evangelhos canônicos?
- Padre Williams: Recorde que o gnosticismo surgiu em meados do século II, e o "Evangelho de Judas", se autêntico, provavelmente remonta ao final do século II. Seria como se eu me pusesse a escrever agora um texto sobre a Guerra Civil dos Estados Unidos e o apresentasse como uma fonte histórica primária dessa Guerra. O texto poderia não ter sido escrito por uma testemunha presencial, como ao contrário o são ao menos dois dos evangelhos canônicos.

Por que os militantes no movimento gnóstico estavam tão interessados em Judas?
- Padre Williams: Uma das maiores diferenças entre as crenças gnósticas e o cristianismo refere-se às origens do mal no universo. Os cristãos crêem que um Deus bom criou um mundo bom, e que pelo abuso do livre arbítrio, o pecado e a corrupção entraram no mundo e produziram desordem e sofrimento. Os gnósticos atribuem a Deus o mal no mundo e afirmam que criou o mundo de um modo desordenado. Por isto, são partidários da reabilitação de figuras do Antigo Testamento como Caim, que matou seu irmão Abel, e Esaú, o irmão mais velho de Jacó, que vendeu seus direitos de primogenitura por um prato de lentilhas. Judas entra perfeitamente na visão gnóstica que mostra que Deus quer o mal do mundo.

Mas não crê que a traição de Judas foi um elemento necessário do plano de Deus, como sugere o texto, para que Cristo desse sua vida pelos homens?
- Padre Williams: Sendo onisciente, Deus conhece perfeitamente nossas eleições, tem em conta inclusive nossas decisões equivocadas em seu plano providencial para o mundo. Em seu último livro, "Memória e identidade", João Paulo II refletiu eloqüentemente sobre como Deus segue obtendo o bem inclusive do pior mal que o homem possa produzir. Isto não significa, contudo, que Deus deseje que façamos o mal, ou que buscava que Judas traísse Jesus. Se não tivesse sido Judas, teria sido outro qualquer. As autoridades haviam decidido que Jesus devia morrer e era já só questão de tempo.

Qual é a posição da Igreja com respeito a Judas? É possível "reabilitá-lo"?
- Padre Williams: Ainda que a Igreja Católica conta com um processo de canonização pelo qual declara que algumas pessoas estão no céu, como os santos, não prevê um processo deste tipo para declarar que uma pessoa está condenada. Historicamente, muitos pensaram que Judas está provavelmente no inferno, devido ao severo juízo de Jesus: "Teria sido melhor para este homem não ter nascido", pode-se ler no Evangelho de Mateus (26, 24). Mas inclusive estas palavras não são uma evidência concludente com respeito a sua sorte. Em seu livro de 1994 "Cruzando o limiar da esperança", João Paulo II escreveu que estas palavras de Jesus "não aludem à certeza da condenação eterna".

Mas se há alguém que merece o inferno, não seria Judas?
- Padre Williams: Seguramente muita gente merece o inferno, mas devemos recordar que a graça de Deus é infinitamente maior que nossa debilidade. Pedro e Judas cometeram faltas parecidas: Pedro negou Jesus três vezes, e Judas o entregou. E agora Pedro é recordado como um santo e Judas simplesmente como um traidor. A principal diferença entre os dois não é a natureza ou gravidade de seu pecado, mas sim a vontade de aceitar a graça de Deus. Pedro chorou seus pecados, voltou a Jesus, e foi perdoado. O Evangelho descreve Judas enforcando-se desesperado.

Por que está despertando tanto interesse o "Evangelho de Judas"?
- Padre Williams: Estas teorias sobre Judas não são certamente novas. Basta recordar a ópera rock em 1973, "Jesus Cristo Superstar", na qual Judas canta "Realmente não vim aqui por minha própria vontade", ou a novela de Taylor Caldwel de 1977, "Eu, Judas". O enorme êxito financeiro de "O Código da Vinci" abriu sem dúvida a caixa de Pandora e deu incentivos monetários a teorias deste tipo. Michael Baigent, autor de "Sangue Santo, Santo Graal", agora escreveu o livro "The Jesus Papers" (Os documentos de Jesus), no qual recicla a velha história de que Jesus sobreviveu à crucifixão. E um novo estudo "científico" recém-publicado afirma que as condições meteorológicas poderiam ter feito que Jesus caminhasse sobre um pedaço de gelo flutuante no Mar da Galiléia, quando o Evangelho diz que caminhava sobre as águas. Basicamente, para quem rejeita taxativamente a possibilidade dos milagres, qualquer teoria, por estranha que possa ser, é melhor que as afirmações cristãs.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Itália defende sua fé

Oi pessoal,
Para todos os que eu mandei a matéria que havia saído no blog Caminho do Céu (dia 5 de Novembro), sobre a ordem do Tribunal Europeu de retirada de crucifixos dos espaços públicos daquele país, segue a reação italiana. Uma lição de fé, de preservação de sua cultura e de soberania política!!!
Bjs, Angela

------------------------------------------------------------------

Itália: “Esta é a resposta ao juiz turco de Estrasburgo!”

“Oh, bella Italia! A Itália mostra aos imbecis europeus com quantos paus se faz uma canoa” – esclareceu o BLOG ‘Fakten Fiktionen’ na quinta-feira:
“Esta é a resposta ao Juiz turco de Estrasburgo!”.
O prefeito de San Remo (noroeste da Itália), Maurizio Zoccarato, está colocando uma cruz de dois metros no prédio da prefeitura e, ao mesmo tempo, exigiu que todos os diretores de escolas coloquem cruzes nas salas de aula.
Em toda a Itália inicia-se uma competição para mostrar isso aos juízes de Estrasburgo.
Na cidade de Busto Arsizio, perto de Milão, a administração municipal hasteou as bandeiras da União Européia em frente aos prédios oficiais a meio mastro.
Um enorme crucifixo está resplandecendo há pouco tempo diante da fachada do Teatro Bellini de Catania, na Cicília.
Inúmeras comunidades italianas encomendaram novas cruzes para as suas escolas.
A cidade Sassuolo na província de Modena no norte da Itália encomendou cinqüenta novos crucifixos. Eles deverão ser pendurados em todas as salas de aula em que ainda não houver algum.
O Ministro da Defesa Ignazio La Russa abordou o tema da defesa nacional espiritual em uma discussão de TV: “Todas as cruzes devem permanecer penduradas e os opositores da cruz que morram, juntamente com essas instituições aparentemente internacionais!”
A comunidade Montegrotto Terme com 10.000 habitantes – onze quilômetros a sudoeste de Pádua – anuncia em placas de néon: “Noi non lo togliamo” – Não vamos ceder.
O prefeito da cidade de Treviso no noroeste da Itália resumiu a situação muito bem: “Encontramo-nos no reino da demência, essa é uma decisão, que clama por vingança. O tribunal deve processar a si mesmo pelo crime que cometeu!”
O prefeito de Assis sugeriu que além dos crucifixos fossem colocados também presépios nas salas de aula.
O prefeito da cidade de Trieste esclareceu que tudo permaneceria do jeito que está.
A Câmara de Comércio romana pediu que as lojas pendurassem crucifixos.
Na comunidade Abano Terme – onde mora a ateísta militante finlandesa que reclamou do crucifixo – haverá protestos amanhã em frente das escolas a favor da Cruz de Cristo.
O prefeito de Galzignano Terme na província de Pádua, Riccardo Roman, ordenou colocação imediata de cruzes em todos os edifícios públicos – não somente escolas, mas também na Prefeitura e museus.
Dentro de duas semanas a polícia irá conferir se a ordem foi obedecida, caso contrário haverá uma multa de 500 Euros.
O autor de ‘Fakten Fiktionen’ está maravilhado: “Bravo! Vou descansar alguns dias lá no ano que vem! Deve valer à pena!”
O Prefeito Maurizio Bizzarri da comunidade de Scarlino na Toscana do sul impôs uma multa de 500 Euros para aqueles que retirarem uma cruz dos prédios públicos.
Na cidade Trapani no extremo oeste da Cecília o Presidente e o assessor do governo da província encomendaram 72 cruzes com recursos próprios.
Na cidade de Neapel apareceu uma pixação que dizia: “Se arrancar a cruz, eu arranco a tua mão fora!”
‘Fakten Fiktionen’ se dá por vencido: “Lamento, preciso parar, mas parece que não existe nenhuma cidade sem resistência.”

-----------------------------------------------------------------

Não sei quanto a vocês que compartilham comigo deste Blog, mas tenho que procurar uma "Cruz" para colocar na porta da minha casa. Que o Nosso Senhor Jesus Cristo seja louvado!
Felipe

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Europa trocou crucifixos por abóboras, diz Cardeal Bertone

"Uma verdadeira perda". Assim o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcísio Bertone, considera a decisão do tribunal Europeu de Direitos do Homem, publicada na terça-feira, 3, que exige a retirada dos crucifixos nas escolas da Itália. O cardeal lamentou que a Europa troque seus "símbolos mais queridos" pelas "abóboras" do Halloween.
A decisão do Tribunal Europeu define a presença do crucifixo nas escolas como uma violação da liberdade religiosa dos alunos e como contrária ao direito dos pais de educarem os filhos segundo as suas convicções.
Após ter manifestado o seu descontentamento pela iniciativa do governo italiano, que anunciou recurso contra a decisão, o Secretário de Estado do Vaticano sublinhou que o crucifixo é "símbolo do amor universal, não de exclusão, mas de acolhimento". "Pergunto-me se esta sentença é sinal de razoabilidade ou não", indagou.
E concluiu exortando que "devemos procurar conservar, com todas as nossas forças, os sinais da nossa fé, para quem crê e para quem não crê".
Na sua edição desta quinta-feira, 5, do "L'Osservatore Romano", além das declarações do Cardeal Bertone, apresenta um artigo sobre a decisão do Tribunal de Estrasburgo, considerando que a mesma não reconhece "a importância do papel das religiões na construção da identidade europeia e na afirmação da centralidade do homem na sociedade".
"A decisão dos juízes de Estrasburgo, por outro lado, parece inspirada numa ideia de laicidade do Estado que leva a marginalizar o contributo das religiões na vida pública", acrescenta o artigo do jornal do Vaticano.

"Surpreende que uma corte europeia intervenha de um modo tão profundo em uma matéria fundamentalmente ligada à identidade histórica, cultural e espiritual do povo italiano", continuou o representante da Santa Sé, acrescentando que "não é por este caminho que se atrai a amar e compartilhar mais a ideia europeia, que como católicos italianos, defendemos firmemente desde as suas origens. A religião da uma contribuição preciosa à formação e ao crescimento moral das pessoas, e é um componente essencial da nossa civilização", completou.
Entretanto, o governo italiano informou que vai recorrer da decisão. A ministra da Educação, Mariastella Gelmini, alegou que o crucifixo é um símbolo da tradição do país: "Ninguém quer impor a religião católica, muito menos com o crucifixo".
O ministro de Relações Exteriores, Franco Frattini, disse que a Corte deu um "golpe mortal em uma Europa de valores e direitos", acrescentando que isso é um mau precedente para outros países.
A Itália é uma das nações com população mais católica no mundo. Mais de 96% dos cristãos do país – que chegam a 80% da população – se definem católicos. A exposição de crucifixos em escolas se tornou obrigatória com duas leis datadas de 1920 – mas, desde 1984, quando o catolicismo deixou de ser a religião oficial, têm sido cumpridas com menos rigor.

--------------------------------------------------------

De tempos em tempos aparecem no mundo pensadores liberais, iluminados, comunistas, feministas e etc, sempre tentando acabar com o Cristo e com sua Igreja. Os Católicos têm que ter ciência do que aconteceu e acontece, precisão se engajar mais e entender que existe no mundo uma luta ferrenha do Bem contra o Mal, de Jesus contra o Diabo, da Igreja contra seus opressores, dos Valores Cristãos contra os DesValores dos Bárbaros de outrora.
A Igreja valoriza a vida, o amor, a família, o respeito, a tolerância, mas temos visto em contra proposta a ela uma catequese de violência, de morte, de desrespeito ao próximo, de abuso a menores, de defesa ao vale tudo dos casais... Está na hora de acordar e defender os nossos princípios, os nossos valores, a nossa fé. Que Deus nos abençoe.
Felipe

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Comunhão Fraterna

A comunhão fraterna orienta-nos a ver na "koinonía" do Espírito Santo não só a "participação" da vida divina quase singularmente, cada um por si, mas também logicamente a "comunhão" entre os crentes que o próprio Espírito suscita como seu artífice e principal agente (cf. Fl 2, 1). Poder-se-ia afirmar que a graça, o amor e a comunhão, referidos respectivamente a Cristo, ao Pai e ao Espírito, são aspectos diversos da única ação divina para a nossa salvação, ação que cria a Igreja e faz a Igreja como disse São Cipriano, no século III "um povo reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (De Orat. Dom., 23: PL 4, 536, cit. em Lumen gentium, 4).
A idéia da comunhão como participação na vida trinitária está iluminada com particular intensidade no Evangelho de João. Onde a comunhão de amor que une o Filho ao Pai e aos homens é, ao mesmo tempo, o modelo e a fonte da comunhão fraterna, que deve unir os discípulos entre si: "Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei" (Jo 15, 12; cf. 13, 34). "Para que todos sejam um só... como nós somos um" (Jo 17, 21.22). Portanto, a comunhão dos homens com o Deus-Trindade e comunhão dos homens entre si. No tempo da peregrinação terrena o discípulo, mediante a comunhão com o Filho, já pode participar da vida divina d'Ele e do Pai: "E nós estamos em comunhão com o Pai e com o seu Filho, Jesus Cristo" (1 Jo 1, 3). Esta vida de comunhão com Deus e entre nós é a finalidade própria do anúncio do Evangelho, a finalidade da conversão ao cristianismo: "O que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós estejais em comunhão conosco" (1 Jo 1,3). Por conseguinte, esta dúplice comunhão com Deus e entre nós é inseparável. Onde se destrói a comunhão com Deus, que é comunhão com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo, destrói-se também a raiz e a fonte da comunhão entre nós. E onde a comunhão entre nós não for vivida, também a comunhão com o Deus-Trindade não é viva nem verdadeira, como ouvimos.
Façamos agora um ulterior passo. A comunhão fruto do Espírito Santo é alimentada pelo Pão eucarístico (cf. 1 Cor 10,16-17) e exprime-se nas relações fraternas, numa espécie de antecipação do mundo futuro. Na Eucaristia, Jesus alimenta-nos, une-nos a Si, com o Pai, o Espírito Santo e entre nós, e esta rede de unidade que abraça o mundo é uma antecipação do mundo futuro neste nosso tempo. Precisamente assim, sendo antecipação do mundo futuro, a comunhão é um dom também com conseqüências muito reais, que nos faz sair das nossas solidões, dos fechamentos em nós mesmos, e nos torna partícipes do amor que nos une a Deus e entre nós. É fácil compreender como é grande este dom, se pensarmos nas fragmentações e nos conflitos que afligem os relacionamentos entre os indivíduos, grupos e povos. E se não existe o dom da unidade no Espírito Santo, a fragmentação da humanidade é inevitável. A "comunhão" é verdadeiramente a boa nova, o remédio que Deus nos doou contra a solidão, que hoje ameaça todos, o dom precioso que nos faz sentir acolhido e amado em Deus, na unidade do seu Povo reunido no nome da Trindade; é a luz que faz resplandecer a Igreja como sinal elevado entre os povos: "Se dizemos que temos comunhão com Ele, mas caminhamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Pelo contrário, se caminhamos na luz, com Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros" (1 Jo 1,6 s). A Igreja revela-se assim, apesar de todas as fragilidades humanas que pertencem à sua fisionomia histórica, uma maravilhosa criação de amor, feita para aproximar Cristo de cada homem e mulher que queira verdadeiramente encontrá-lo, até ao fim dos tempos. E na Igreja, o Senhor permanece sempre nosso contemporâneo. A Escritura não é uma coisa do passado. O Senhor não fala no passado, mas no presente, fala hoje conosco, dá-nos luz, mostra-nos o caminho da vida, dá-nos comunhão e assim nos prepara e abre para a paz.

Originalmente publicado do L'osservatore Romano.
Audiência Geral de quarta-feira, 29 de Março de 2006.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O Dom da "Comunhão"

Através do ministério apostólico a Igreja, comunidade reunida pelo Filho de Deus que veio na carne, viverá no suceder-se dos tempos edificando e alimentando a comunhão em Cristo e no Espírito, à qual todos estão chamados e na qual podem fazer a experiência da salvação oferecida pelo Pai. De fato, os Doze como disse o papa Clemente, terceiro Sucessor de Pedro, no final do século I tiveram a preocupação de se constituírem sucessores, para que a missão que lhes foi confiada continuasse depois da sua morte. Ao longo dos séculos a Igreja, organicamente estruturada sob a guia dos legítimos Pastores, continuou desta forma a viver no mundo como mistério de comunhão, no qual se reflete em certa medida a mesma comunhão trinitária, o mistério do próprio Deus.
O apóstolo Paulo menciona esta suprema fonte trinitária, quando deseja aos seus cristãos: "A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!" (2 Cor 13, 13). Estas palavras, provável eco ao culto da Igreja nascente, evidenciam como o dom gratuito do amor do Pai em Jesus Cristo se concretize e se exprima na comunhão realizada pelo Espírito Santo. Esta interpretação, baseada no estreito paralelismo que o texto estabelece entre os três genitivos ("a graça do Senhor Jesus Cristo... o amor de Deus... e a comunhão do Espírito Santo"), apresenta a "comunhão" como dom específico do Espírito, fruto do amor doado por Deus Pai e da graça oferecida pelo Senhor Jesus.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A aliança da Família

A família não pode existir sem uma estreita aliança entre os pais, pois o amor por seus filhos passa através de sua relação conjugal.
Há anos atrás se assegurava que os papéis de pai e mãe eram intercambiáveis. Hoje muitos especialistas esclarecem que tal idéia é falsa. O pai é insubstituível em um de seus principais papéis: ser marido da mãe (esposa) e vice-versa.
"O amor insubstituível dos pais por seus filhos não passa somente em linha direta até eles" - esclarece o psicanalista francês Tony Anatrella - senão, e essencialmente, através de sua relação conjugal. "Quando os pais se amam, os filhos se sentem amados e o amor conjugal se transforma no interior dos filhos em sua auto-estima. Quando os pais se separam desaparece essa base segura, o filho fica vulnerável e demora muito recuperar a confiança em si próprio".
Anatrella denunciava, então, uma tendência de ocultar os efeitos das separações, e sim enaltecer exclusivamente o papel das mães, como se somente elas bastassem a seus filhos, fazendo desaparecer a importância da paternidade tanto nas mentalidades como nas leis. Porém esclarecia, quando uma mãe intenta ocupar o papel de pai termina convertida em uma "mãe sobre exigida", enquanto que, quando o pai intenta ocupar o lugar dela, somente se transforma em uma segunda mãe. “Já passamos por épocas caracterizadas por pais napoleônicos, hoje vivemos em outra, caracterizada por mães dominando a procriação. Porém, sofremos a força dos efeitos de ambos os erros. Hoje a família está começando a descobrir, pela influência de seus próprios filhos, que a família não pode existir sem uma estreita aliança entre o pai e a mãe".
Com efeito, nos inícios do século XXI uma forte tendência vem destacar um aspecto vital e insubstituível da figura paterna: o de ser quem ama e cuida da mãe (esposa), dando-lhe confiança, segurança e paz, para que ela por sua vez consiga realizar plenamente sua maternidade. Isto, obviamente, revolta as mulheres auto-suficientes, mais ainda quando tais declarações vêm, principalmente, de psiquiatras e psicólogos homens. Não obstante, é muito maior o número das mulheres que aplaudem o fato de ver como a ciência confirma que elas estão certas ao pedir amor, amor e mais amor a seus maridos.Por outro lado, estes especialistas não vêm mais que confirmar o que os médicos neonatólogos, fazem há muito tempo, o que se tem comprovado empiricamente durante as primeiras horas de vida de um ser humano. Se tem demonstrado que o desenvolvimento psicomotor do recém-nascido se facilita se a mulher se sente querida e protegida por um companheiro estável, pois isso lhe permite acolher e alimentar melhor a seu filho. Assim, o pai é um protagonista ativo no "apego" entre o filho e a mãe, apego que ajuda a que os recém-nascidos adoeçam menos; durmam melhor e ganhem mais peso.Em um casamento tudo pode ir bem, - escreve o filósofo e psicólogo italiano Piero Ferrucci -, porém deve haver o esforço para que isto continue assim. Não se pode viver "da rentabilidade" do amor, e há que se recuperar de tempo em tempo o "egoísmo" do noivado, quando ambos estavam sós. Entre outras razões porque os filhos podem fazer que as relações sejam melhores, porém também piores.
Melhores, porque levam a unirem-se na aventura extraordinária de estar ao serviço de seus filhos, que crescem e os ajudam a converterem-se em dois seres humanos autênticos e completos. Porém piores, porque podem deixar pouquíssimo tempo para estarem juntos e a qualidade intelectual dos diálogos pode cair na mesmice: "Esta fralda deixa passar o xixi".

A quanto tempo você não dá uma abraço apertado em família e declara o seu amor com um "Eu te amo"?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

"Ontem foi embora. Amanhã ainda não veio. Temos somente hoje, comecemos."

O que impressionava em Teresa de Calcutá era a gratuidade do seu serviço, que parece não buscar outro objetivo além do próprio ato de servir. Evidentemente, não se pode pensar, embora já se tenha tentado retirar de seus ditos, que se tenha consagrado, de alma, corpo e coração, a um serviço que não queria ir além de uma ajuda puramente humana. Havia, nem podia deixar de haver, no seu encontro com o doente ou o miserável, uma silenciosa prece de esperança, para que o ajudado recebesse, pelo alimento que lhe davam a graça de descobrir a face de Cristo e beneficiar-se com o olhar do Salvador, vindo do alto de sua cruz. Mas não usava o seu serviço como um instrumento ou meio para convertê-lo.Missionária da caridade, levava apenas o amor de amizade, a oferta de uma companhia humana enternecida para minorar a solidão - o não ter ninguém por si - do desamparado e do pária - Mais que um pão ao faminto levava um pouco ao sozinho ou abandonado. E não raro - alguém lhe deu essa qualificação, como título de menosprezo pela sua obra carente de eficácia - era, concretamente, a missionária dos moribundos. Tem-se falado muito da solidão dos doentes terminais, aos quais nem o médico, o último amigo, de ânimo quebrado, por não ter mais nada a fazer, dá uma atenção sensível. A essa solidão do pária humilhado, no seu último momento da vida terrena, Teresa queria levar essa presença de uma companhia.Somos Herdeiros da Promessa, Jesus Cristo conquistou isso para nós fazendo-se maldição em nosso lugar, sofrendo em sua condição humana nossos males (exceto o pecado), e, morrendo, nessa morte deu-nos sua vida, vida nova!Madre Teresa de Calcutá é uma espécie de "lembrete" de que também somos sinais dessa salvação conquistada por Jesus para nós. Jesus tirou-nos das garras do mal e nos trouxe para a verdade, para a luz, para o Pai. Para muitos desfavorecidos Madre Teresa de Calcutá e as irmãs de sua Ordem foram e continuam sendo essa presença de Jesus levando a dignidade e amor a quem vive uma vida, muitas vezes sub-humana.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Oração, Jejum e Misericórdia

Há três coisas, irmãos, pelas quais se confirma a fé, se fortalece a devoção e se mantém a virtude: a oração, o jejum e a misericórdia. Oração, jejum e misericórdia: três coisas que são uma só e se vivificam mutuamente.
O jejum é a alma da oração, e a misericórdia é a vida do jejum.Ninguém tente dividi-las, porque são inseparáveis. Quem pratica apenas uma das três, ou não as pratica todas simultaneamente, na realidade não pratica nenhuma delas. Portanto, quem ora, jejue; e quem jejua, pratique a misericórdia. Quem deseja ser atendido nas suas orações, atenta as súplicas de quem lhe pede, pois aquele que não fecha os seus ouvidos às súplicas alheias, abre os ouvidos de Deus às suas próprias súplicas.
Quem jejua, entenda bem o que é o jejum: seja sensível à fome dos outros, se quer que Deus seja sensível à sua; seja misericordioso, se espera alcançar misericórdia; compadeça-se, se pede compaixão; dê generosamente, se pretende receber. Muito mal suplica quem nega aos outros o que pede para si.
Homem, sê para ti mesmo a medida da misericórdia; deste modo alcançarás misericórdia como quiseres, quanto quiseres e com a prontidão que quiseres; basta que te compadeças dos outros com generosidade e prontidão.
Façamos, portanto, destas três virtudes - oração, jejum, misericórdia - uma única força mediadora junto de Deus em nosso favor; sejam para nós uma única defesa, uma única operação sob três formas distintas.
Reconquistemos pelo jejum o que perdemos por não o saber apreciar; imolemos pelo jejum as nossas almas, porque nada melhor podemos oferecer a Deus, como ensina o Profeta: Homem, oferece a Deus a tua alma oferece a oblação do jejum, para que seja uma oferenda pura, um sacrifício santo, uma vítima viva, que ao mesmo tempo fica em ti e é oferecida a Deus. Quem não dá isto a Deus, não tem desculpa, porque todos se podem oferecer a si mesmos.
Mas para que esta oferta seja aceita por Deus, deve acompanhá-la a misericórdia; o jejum não dá frutos se não for regado pela misericórdia; seca o jejum se secar a misericórdia; o que a chuva é para a terra, é a misericórdia para o jejum. Por muito que cultive o coração, purifique a carne, extermine vícios e semeie virtudes, nenhum fruto recolherá quem jejua, se não abrir os caudais da misericórdia.
Tu que jejuas, não esqueças que fica em jejum o teu campo se jejua atua misericórdia; pelo contrário, a liberalidade da tua misericórdia encherá de bens os teus celeiros. Portanto, ó homem, para que não venhas a perder por ter guardado para ti, distribui aos outros para que venhas a recolher, dá a ti mesmo, dando aos pobres, porque o que deixares de dar aos outros, também tu não o possuirás.

Pe. Emiliano Tardif

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sentido do termo Evangelho

O sentido do termo "evangelho" é "Boa Nova" e os quatro livros canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João) têm como objetivo relatar, não uma biografia ou a história de Jesus, mas a experiência, o anuncio desta "Boa Nova". No princípio houve a pregação oral dos apóstolos, centrada em torno do "querigma" (primeiro anúncio) que anuncia a morte redentora e a ressurreição do Senhor. Todos os evangelistas adaptaram a mensagem de Jesus para as condições de seus leitores e de sua comunidade, buscando provar, graças ao testemunho dos apóstolos, que Jesus era de fato o Messias que veio instaurar o Reino de Deus no meio de nós e trazer a salvação para toda a humanidade, sem discriminação e exclusões, como anunciado pelos profetas de outrora, pretendendo com isto fazer um apelo para a conversão.
Os três primeiros evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas) são chamados sinóticos (do grego: syn = com, conjunto; ôpsis = visão), podem ser visto numa só visão de conjunto, mas por terem sido adaptados para os seus leitores, apresentam diferenças entre si, mas sem alterar o núcleo do anúncio.
O evangelho de João apresenta características próprias neste anúncio, não seguindo o mesmo esquema nem a mesma linguagem dos três primeiros autores.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Maria, Mulher dócil à voz do Espírito

"Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38).

João Paulo II em sua carta apostólica Tertio Milennio Adveniente, nos convida a descobrir Maria como mulher dócil à voz do Espírito Santo, mulher do silêncio e da escuta, mulher de esperança que soube acolher como Abraão a vontade de Deus "esperando contra toda esperança" (Rm 4,18).
Buscando uma melhor explicação da palavra dócil, procurei no dicionário sua definição e encontrei que dócil é aquele que se deixa conduzir facilmente; que é fácil de ensinar; obediente, dúctil; que se deixa trabalhar com facilidade.É fácil ser dóceis quando tudo está bem; porém a vida de Maria, ainda que à primeira vista luz tão formosa, esteve cheia de caminhos escabrosos e difíceis. Maria se deixou guiar em momentos de necessidade econômica, quando teve que dar à luz o Salvador do mundo em uma gruta em Belém e durante seu exílio no Egito.
Maria se deixou guiar pelo Espírito nas situações difíceis, quando estando desposada de José, ficou grávida. Deixou-se guiar pelo Espírito no momento em que Jesus ficou para trás no Templo em Jerusalém e quando pediu a Jesus um milagre nas bodas de Caná. No momento da Anunciação, a Virgem Maria recebe toda a força que a acompanhará durante os difíceis momentos que teve que viver, assim como Jesus recebe a força para suportar sua Paixão e sua Crucifixão em sua oração no horto de Getsêmani.

E você, está dócil ou fechado à voz do Espírito Santo?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Salvos na Cruz

A cruz só pode ser considerada como salvadora quando entendemos que ela é o ápice de toda a vida de Jesus, que veio nos trazer uma mensagem de justiça e amor ao próximo e, desta forma, nos libertar e nos dar esperança. A cruz vista como um momento de sofrimento é salvadora quando este sofrimento se reverte numa doação pelo outro. Se pararmos para refletir na cruz veremos os verdadeiros sentidos do cristianismo nela: Justiça e Amor pelo outro – Jesus veio pregar o Reino de Deus, um reino de justiça e de amor ao próximo, um reino que olhava para os marginalizados (mulheres, crianças, pobres e doentes), todos aqueles que estavam a margem de uma civilização farisaica. Ele que só veio pregar o amor pelo próximo foi o maior injustiçado, sofreu pelo outro, mesmo assim nos deixou o convite e o exemplo de perdoar 70x7, de amar os nossos inimigos, de pagar o mal com o bem, não pede que sejamos pacatos, mas justos; Doação ao próximo – Cristo se doa na cruz por todos nós, se doa na cruz pelos injuriados, difamados e discriminados, se doa na cruz pelos nossos pecados e fraquezas, assim Ele mostra a necessidade de se entregar pelo outro, de até dar a vida pelos mais necessitados; Entrega e Confiança – Ele mesmo com medo, mesmo se sentindo abandonado, confia no Pai, e se entrega por todos nós num ato de puro amor e libertação; Esperança – Jesus vence a morte de cruz e nos promete um mundo novo, onde haverá justiça para todos os homens. Ele quer homens e mulheres novos, não quer que fiquemos sofrendo, mas sim nos convida a reagir as adversidades da vida.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Como ler a Bíblia

"Toda a Sagrada Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra (cf. II Timóteo 3, 16-17).

1- LER: Escutamos a Palavra de Deus. É a hora de engolir. É uma leitura bem ativa: lemos com lápis ou caneta na mão, sublinhando e destacando elementos essenciais: verbos, sujeitos ativos, ações, atitudes, pensamentos, a situação, os motivos das ações. Mais do que ler, na verdade, relemos várias vezes, fazendo com a caneta todas essas anotações. Podemos recorrer a outras traduções que ajudem a esclarecer; lançar mão de introduções, explicações e notas de rodapé, hoje abundantes em nossas Bíblias. Podemos também comparar com as passagens paralelas, em geral indicadas nas margens das páginas da Bíblia, logo depois dos títulos, etc. Esse é o primeiro estágio do mastigar e engolir. Vamos prestando atenção aos vários pontos indicados e nos deixando levar de uns para os outros a partir do seu próprio movimento interior; isso leva de modo natural a um surpreendente entendimento. É a luz que se faz interior. Esse imperativo interior nos conduz de maneira deveras natural à segunda etapa, que é quando se inicia de fato a “ruminação”.

2- SABOREAR: Poderíamos chamar essa etapa de “meditar”, pois, na verdade, é uma meditação da Palavra mastigada. Não o fazemos, contudo, para não dar a impressão errônea de que se trata de um trabalho puramente intelectual, preferindo denominá-la “saborear”. Tive um professor de ciências que dizia que na hora de a vaca e o boi ruminarem o capim, este fica, por causa da saliva, doce. Brincávamos com ele, perguntando-lhe como ele sabia disso… Na verdade, é chegado o momento de “sentir” a Palavra. O intelecto também participa dele, mas não está sozinho. Entram também os sentimentos, a nossa liberdade movida pelo Espírito, os vários movimentos da vontade. Eis o principal momento em que devemos nos deixar impregnar pelos sentimentos que o Espírito Santo faz surgir em nós por meio da Palavra: alegria, medo, confiança, generosidade, arrependimento, esperança, entusiasmo, entre outros. Os vários sentimentos, os vários impulsos que se misturam uns aos outros.

3- ORAR: Como é de se esperar, esses sentimentos nos levam a dar uma resposta. Não é tanto responder à Palavra quanto ao Senhor que, pela Palavra, infundiu em nós esses impulsos. Brota naturalmente o louvor, o arrependimento, a súplica, a gratidão, o pedido de perdão, a oferta, a adoração, e assim por diante. Mais do que uma oração por palavras, essa vai ser uma oração de sentimentos e de atitudes interiores. Umas poucas palavras nos prestarão simplesmente ajuda para nos exprimirmos e nos referirmos ora ao Pai, ora a Jesus, ora ao próprio Espírito Santo. É uma oração já bem simples e sobremodo interiorizada.

4- CONTEMPLAR: Pouco a pouco, todos aqueles sentimentos que se misturavam e se multiplicavam em nós, assim como os vários movimentos de oração por eles provocados, vão se simplificando e se unificando em nosso íntimo. É a hora da tranquilidade, da harmonia, do repouso em Deus. Eis o que significa contemplação: entrarmos, mediante a Palavra, no Templo de Deus, que existe em todos nós e aí nos deixamos ficar repousando no Senhor. Vem aqui a simplicidade de todos os nossos movimentos interiores. Trata-se de um movimento privilegiado, um instante de graça. Todos podem chegar a vivenciá-lo; Deus deseja vê-lo em todas as pessoas, sem distinção. Os mais simples podem chegar com mais facilidade a esse ponto; os que mais penam são os intelectuais. É lamentável que se tenha criado tanto mistério, tanta complicação, acerca de algo tão simples como a contemplação, a ponto de parecer que só tem acesso a ela uma minoria, quando o Altíssimo sempre quis vê-la ao alcance de todos. Graças ao Pai isso nos é devolvido hoje, e gratuitamente.

5- ESCREVER: O ponto de chegada é a contemplação. Contudo, depois que a rede está repleta de peixes, não se pode deixar que escapem e vão embora. Apesar do gozo espiritual que a contemplação lhe traz, ponha-se a escrever: é seu Diário Espiritual, feito agora de maneira distinta e certamente muito proveitoso. Não é questão de escrever muito, nem é o momento de narrar ou descrever o que se passou. Agora, temos somente de registrar: O que Deus me falou? O que Ele realizou em mim? O que deixou depositado em meu interior? Isso tudo é muito precioso; é algo que não se pode perder. Você também pode registrar: O que, a partir dessa Palavra, Deus diz hoje de mim? O que Ele diz para mim? Você recolhe o conteúdo depositado em seu ser dos dois lados: “O que diz de mim” e “O que diz para mim”. Não estou fazendo um simples jogo de palavras, são duas maneiras de focalizar a questão. E não é difícil diferenciar.
Veja primeiro: O que Deus diz de mim? O que sou? Quem Ele me fez? Quais qualidades que Ele mesmo me deu e quer que eu as assuma e cultive. Da minha vocação e missão, do trabalho específico a mim confiado e para o qual me capacitou com os dons naturais que me deu, com os carismas do Espírito Santo de que me dotou por graça. Segundo: O que Ele diz para mim? O que Ele quer de mim? Que eu seja e que eu realize. Que atitudes quer que eu tome e o que quer que eu cultive. “Por quais caminhos Ele quer que eu vá, que rumos me indica, que mudanças quer que eu assuma, o que quer transformar em mim”.

*(Trecho do livro a “Bíblia foi escrita para você” de monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova).

Oração: Ó Deus, torna meu espírito digno de encontrar sua alegria na compreensão do Mistério de Cristo, teu Filho bem-amado, revelado nas Escrituras. Acende tua Santa Luz, no meu coração, a fim de que meu espírito penetre para além das palavras escritas com tinta… Que eu veja, com os olhos iluminados, os sagrados mistérios escondidos na tua Boa Nova. Concede, ó meu Senhor, por tua graça, e tua misericórdia, que tua lembrança nunca desapareça do meu coração, nem de dia nem de noite. Amém.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Aparições da Virgem Maria no Mundo

A Igreja estabeleceu alguns critérios e orientações para a análise de aparições e revelações da Virgem Maria, sendo os mais importantes:1. O conteúdo da revelação não pode estar em contraste com a Sagrada Escritura e com a fé católica;2. A pessoa que diz ser o intermediário da revelação deve ser equilibrada mentalmente;3. A revelação deve produzir bons frutos.

Lista das Aparições

RECONHECIDAS PELA IGREJA

. 1347 Siena, Italia, Santa Catarina
· 1531 Guadalupe, Juan Diego (*)
· 1600 Agreda, Espanha; Santa Maria de Agreda (*)
· 1830 Rue du Bac, França, Catherine Laboure
· 1836 OI of Victories, Paris Padre Genettes
· 1840 Blangy, França, Irmã Justine Bisqueyburu
· 1846 La Salette, França, Melanie Calvat e Maximin Giraud
· 1858 Lourdes, França, Bernadette Soubirous
· 1876 Pellevoisin, França, Estelle Faguette
· 1879 Knock, Irlanda, 15 pessoas
· 1917 Fátima, Portugal, Lucia, Francisco e Jacinta
· 1932 Beauraing, Bélgica, Voisin e Degeimbre
· 1933 Banneaux, Bélgica, Mariette Beco
· 1937 Polónia, Abençoada Faustina
· 1968 Zeitun, Egipto, Milhares de pessoas (aprovada pelo Patriarca da Igreja Ortodoxa)
· 1973 Akita, Japão, Irmã Agnes Sasagawa
. 1980 Cuapa, Nicarágua, Edward Bemardo Martinez

APROVADAS PELO BISPO LOCAL

· 1878 Corato, Itália, Luisa Piccarreta
· 1947 Tre Fontane, Roma, Bruno Cornacchiola
· 1976 Betania, Venezuela, Maria Esperanza (estigmatismo)
· 1981 Kibeho, Ruanda, África, Seis meninas e um menino
· 1982 Damasco, Síria, Mirna Nazour (estigmatismo)
· 1986 Manila, Filipinas, muitos soldados
· 1987 Roma, Sr. Anna

SENDO EXAMINADAS PELA IGREJA

· 1948 Lipa, Filipinas, Noviça Teresita
· 1961 Garabandal, Espanha, quatro meninas
· 1971 Roma, Itália, Marisa Rossi
. 1981 Medjugorge, Bosnia-Herzegovina, seis jovens
· 1985 Cleveland, Ohio USA, Maureen Sweeney
· 1985 Suíça, Vassula Ryden (Aparições de Jesus Cristo)
· 1987 Anguera, Bahia, Brasil, Pedro Regis
· 1988 Phoenix, Arizona USA, Estela Ruiz
· 1989 Marlboro, New Jersey USA, Joseph Januszkiewicz
· 1991 Arkansas & Texas, USA, Cyndi Cain
· 1992 Falmouth, Kentucky USA, Sandy

DESAPROVADA PELA lGREJA

· 1970s Bayside, New York, Veronica Leukin

DESENCORAJADA PELO BISPO

· 1990 Denver, Colorado, Theresa Lopez & Veronica Garcia

SEM PRONUNCIAMENTO OFICIAL DA IGREJA

· 1871 Pontmain, France Eugene e Joseph Barbadette
· 1884 Roma, Itália, Papa Leão XIII
· 1904 Polónia, São Maximilian Kolbe
· 1918 San Giovanni, Itália, Padre Pio
· 1920 Verdun, Quebec, Canadá, Emma Blanche Curotte
· 1920s Millbury, MA USA, Eileen George·
1922 Montreal, Canadá, Georgette Faniel (estigmatismo)
· 1925 Tuy, Espanha, Irmã Lúcia
· 1945 Amesterdão, Holanda, Ida Peerdeman
· 1947 Montichiari, Itália, Pierina Gilli
· 1952 Índia, Frei Louis M. Shouriah, S.J.
· 1954 Seredne, Ucrânia, Anna
· 1954 Ohio, USA, lrmã Mildred Neuzil
· 1964 San Damiano, Itália, Madre Rosa Ouattrini
· 1968 Itália, Madre Carmela Carabelli
· 1970 Rússia, Vladimir Prison e Josyp Terelya
· 1972 Milão, Itália, Frei Stefano Gobbi
· 1974 Ninh Loi, Vietnam, Stephen Ho Ngoc Ahn
· 1980 EI Escorial, Espanha, Amparo Cuevas
· 1983 Austrália, Debra
· 1983 San Nicolas, Argentina Gladys Quiroga de Motta
· 1985 Ballinspittle, Ireanda, duas mulheres O'Mahony
· 1985 Carns Grotto, Irlanda, quatro meninas
· 1985 Oliveto Citra, Itália, crianças e muitos adultos
· 1985 Naju Corea, Julia Kim (estigmatismo)
· 1985 Ohlau, Casimierz Domanski
· 1987 Terra Blanca, México, três crianças
· 1987 Bessbrook, Irelanda, Beulah Lynch e Mark Trenor
· 1987 Ucrânia, Josyp Terelya, Maria Kizyn e milhares de pessoas
· 1987 Inchigeela, Irlanda, Salty Ann e Judy Considine
· 1987 Equador, Patricia (Pachi) Talbott'
· 1987 Conveys, Georgia USA, Nancy Fowler
· 1987 Midwest, USA, Mariamante
· 1988 Cortnadreha, Irlanda, Christine Gallagher
· 1988 Scottdale, Arizona USA, nove jovens e Frei Jack Spaulding
· 1989 Canadá, Zdenko "Jim" Singer
· 1990 Hillside, Illinois USA, Joseph Reinholtz
· 1990 Litmanova, Eslováquia, Ivetka Korcakova e Katka Ceselkova
· 1991 Mozul, Iraque, Dina Basher (estigmatismo)
· 1991 San Bruno, Califórnia USA, Carlos Lopez & Jorge Zavala
· 1992 Enfield, Connecticut USA, Neil Harrington, Jr.
· 1993 Belleville, Illinois USA, Ray Doiron
· 1993 Cincinatti, Ohio USA, Rita Ring
· 1993 New S.Wales, Austrália, Matthew Kelly
· 1994 Emmitsburg, MD USA, Gianna Talone Sullivan
· 19?? Hungria, Irmã Natalie (estigmatismo)
. 19?? Itália, Madre Elena P. Leonardi (estigmatismo)

fonte até 2003

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Os Bárbaros e a Igreja (nos dias de hoje)

Sabemos que o Império caiu nas mãos desses bárbaros, não por causa da superioridade deles, mas porque Roma estava podre em seus costumes. Os historiadores modernos como Pierre Chaunu, PhD da Sorbonne, afirmam que o grande Império desabou por causa do drástico controle da natalidade e do número de abortos, que obrigou a entrada dos bárbaros nos serviços e nos exércitos romanos, onde foram subindo.
O Ocidente só não permaneceu neste estado selvagem porque a Igreja Católica soube preservar a cultura nos mosteiros de São Bento, e os bispos assumiram a liderança do mundo ocidental. Aos poucos a Igreja foi convertendo os bárbaros ao cristianismo e resgatando a civilização que temos hoje. Foi um longo trabalho de seis séculos. Os valores do verdadeiro humanismo foram implantados no Ocidente: a liberdade civil e religiosa, o respeito para com a mulher, a dignidade do casamento, o respeito pela vida humana, o valor da cultura, da ciência e das artes, da música, da arquitetura, da medicina, etc.
No entanto, o mundo hoje vive às portas de uma nova barbárie; não mais pelas armas e cavalos de Àtica e Genserico, nem pela selvageria dos francos, ostrogodos ou visigodos, mas por uma nova decadência moral que avança como uma mancha de óleo no oceano, contaminando as mentes e os corações, e derrubando as muralhas da Civilização.
A raiz dessa nova barbárie está na negação e no abandono do Cristianismo que moldou a Civilização Ocidental. Especialmente hoje a Europa “cospe no prato que lhe deu de comer”, que a embalou e nutriu: a Igreja Católica e os valores que ela colocou no coração do Ocidente. João Paulo II carregou esta tristeza para o túmulo. A palavra da Igreja hoje tem quase o mesmo valor para os governantes como o latido de um cão diante de uma carruagem que passa.
Na Inglaterra o Sr. Blair obriga às instituições da Igreja que cuida de órfãos, a entregarem essas crianças à adoção de “casais” de homossexuais, “para o bem das crianças”. Ora, não é preciso ser doutor em psicologia para saber que isto é o mal para as crianças e não o bem; e além de tudo significa a destruição da família verdadeira, berço e célula mãe da sociedade. As instituições da Igreja certamente vão ter de fechar as portas. Onde está a liberdade religiosa e a objeção de consciência? A cada dia mais países aprovam, juridicamente, o casamento de homossexuais, como se Deus não tivesse feito o homem e a mulher tão diferentes e complementares. Destrói-se vergonhosamente a instituição que sustentou o mundo até aqui.
A eutanásia começa a ser aprovada em vários países, e cresce a pressão para que outros a aprovem.
Os embriões, vidas humanas, são tratados como “coisa” descartável, objeto de lucro das clínicas de fertilização. A vida humana é coisificada cada vez mais, como se não fosse imagem e semelhança do Criador e portadora de uma alma imortal. Os escândalos da Proveta se multiplicam a cada passo e já é assustador o número de jovens que não conhecem seus pais e nem a sua origem; porque foram gerados por um sêmen doado por um anônimo.
O aborto, a mais violenta agressão que pode haver há um ser humano indefeso, porque é praticado com o consentimento da própria mãe, já é legalizado em quase todos os países da Europa e em muitos outros.
Os Euro-deputado criticaram o “atraso” de Portugal, Polônia e Irlanda, porque ainda não aprovaram o aborto, classificando o fato de “vergonha” para esses países, quando 27 nações européias “modernas” já o legalizaram. Disseram esses euro-deputados que nesses países “a mulher é tratada com dignidade e com decência” (Diário Digital, Lusa, 29 jan 2007; 11;12:25).
Que tipo de humanismo é este que sacrifica a vida humana no ventre da mãe – antes o lugar mais seguro para viver? Que civilização é esta que cultiva a morte e incentiva o suicídio, controla drasticamente a natalidade como se a vida fosse uma maldição?Que civilização moderna é esta onde os velhos fogem dos asilos da Holanda para os da Alemanha com medo de serem eutanasiados? Que civilização é esta que ensina os jovens a viverem o sexo sem responsabilidade, como se fossem animais irracionais, e lhes dá como “segurança” uma abjeta camisinha?
Que humanismo é este que distribui aos jovens uma “pílula do dia seguinte” que é uma bomba hormonal no organismo desta jovem provocando hemorragias, aborto, e tantas outras maldades?
Que humanismo é este onde os filhos já não sabem mais quem são seus pais, e já não têm mais família, porque foram gerados por doadores de sêmen anônimos?
Não, isto não é uma Civilização, e isto não é humanismo; é a volta da Barbárie, uma Barbárie moderna, muito pior do que aquela que tomou o grande Império. Aquela foi conquistada e civilizada pelo amor de Deus e do Evangelho, pelos monges, bispos e missionários que deram a sua vida por eles; mas será que isto será possível com esses novos bárbaros do século XXI. Será muito mais difícil. Jesus já havia perguntado: “Quando o Filho do Homem voltar achará ainda fé neste mundo”?
Aos verdadeiros cristãos resta dizer que “os caminhos do bem e do mal já estão separados”, e que, portanto, chegou a hora de escolhermos o caminho a seguir; ninguém mais pode ficar no meio, pois o bem se separou do mal. Para onde vamos? Jesus nos alertou que quem se envergonhar Dele e do Evangelho e o negar diante dos homens, Ele o negaria também diante do seu Pai. É inegável que estamos como Roma antiga, às portas de uma derrocada da Civilização nos mãos dos novos bárbaros. E o que mais nos assusta é o “silencio dos bons” como disse Luther King, apáticos e amedrontados diante do mal que avança.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A Igreja e o Ocidente

Em 473 d.C. com a queda do Império Romano, o mundo Ocidental ficou entregue aos bárbaros, povos nômades que não partilhavam da cultura greco-romana (godos, burgúndios, vândalos, visigodos, ostrogodos, francos, germânicos, angros, saxões, hunos, etc), que por situações diversas começaram migrações, conquistas, invasões, tornando a Europa um mosaico de povos por cerca de 6 séculos.
As invasões bárbaras que ocorreram entre os anos 300 e 1.000 d.C. a partir da Europa Central e que se estendeu a todo o Continente foi um fenômeno muito diversificado com motivos incertos: talvez como reação aos ataques dos Hunos vindos da China sobre eles, as pressões populacionais ou até mesmo alterações climáticas.
Esses povos invadiram o Império Romano como uma avalanche, destruindo a civilização e implantando o regime da força contra o da lei, era a barbárie. O ocidente europeu foi estraçalhado física e moralmente por muitos grupos bárbaros que disputavam os espaços. A Igreja Católica foi a única instituição a ficar de pé e foi fundamental para dar uma cara ao mundo Ocidental que temos hoje.

A Igreja, através dos seus bispos e missionários, dedicou-se à ação evangelizadora desses povos para converter em verdadeiros cristãos aqueles que haviam abraçado a fé superficialmente. A obra missionária foi favorecida pelo conteúdo da mensagem evangélica: “Deus é Amor”; “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós”; “Ama o teu próximo como a ti mesmo”.

Foi fácil? Não! O Papa São Leão Magno (440-461) foi ao encontro de Átila, rei dos Hunos, persuadindo-o a não destruir Roma e matar seus habitantes. Surgiram entre os Bispos muitos defensores das populações, que tinham que assumir não somente a pregação do Evangelho, mas também a administração dos bens de sua Comunidade, o contato com os bárbaros, a proteção e a alimentação das populações carentes. Daí já é possível começar a entender porque a Igreja liderou o Ocidente, por tanto tempo.

Continua...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Nossa Senhora das Dores

Nossa Senhora das Dores - 15 de Setembro

Por Prof. Felipe Aquino (Com. Canção Nova)

Nossa Senhora das Dores recebe no colo o filho morto apenas tirado da cruz. Maria está de pé aos pés da Cruz. É o momento culminante da Redenção.
Cristo sofreu a Paixão; Maria sofreu a compaixão.

“Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa”. (Jo 19,25-27)

É junto à Cruz que a Mãe de Jesus crucificado torna-se a Mãe do Corpo místico de Cristo, a Igreja, nascido da Cruz. Nós somos nascidos enquanto cristãos, do mútuo amor sacrifical e sofredor de Jesus e Maria.

“Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma”. (Lc 2, 34-35)

“Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Como mãe, Maria assume implicitamente os sofrimentos de Cristo, em cada momento de sua vida. A Pietá de Michelangelo exprime toda a dor da Mãe.

As sete dores de Maria

A devoção, que precede esta celebração litúrgica, fixou simbolicamente as sete dores de Maria narrados pelo Evangelho:
1 - a profecia do velho Simeão;
2 - a fuga para o Egito;
3 - a perda de Jesus em Jerusalém;
4 - o caminho de Jesus para o Gólgata;
5 - a crucificação e morte de Jesus;
6 - a deposição da cruz;
7 - a sepultura.

O martírio de Maria é o martírio do Redentor. Desde o século XV encontramos as primeiras celebrações litúrgicas sobre a compaixão de Maria aos pés da cruz, colocada no tempo da Paixão ou logo após as festividades pascais.

Em 1667 a Ordem dos Servitas, inteiramente dedicada à devoção de Nossa Senhora (os sete santos Fundadores no século XIII tinham instituído a “Companhia de Maria Dolorosa”) obteve a aprovação de celebração litúrgica das sete Dores da Virgem, que durante o pontificado de Pio VII foi acolhida no calendário romano e lembrada no terceiro domingo de setembro.

Pio X fixou a data definitiva de 15 de setembro, conservada no novo calendário litúrgico, que mudou o título da festa para uma “memória”: não mais Sete Dores de Maria, mas Virgem Maria Dolorosa.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Deus é Amor!

Fico pensando porque as pessoas têm tanta dificuldade de aceitar a Jesus Cristo, de ir a Igreja pelo menos aos domingos para agradecer, escutar a palavra, silenciar o coração e orar.
As pesquisas indicam que a fé tem um monte de benefícios na vida do ser humano, na recuperação de doenças, na construção de uma vida e de uma família (em relação aos que não acreditam em nada, não tem esperança). A oração ajuda na mansidão do coração e da alma. Por que: “Deus é Amor”!

Jesus nos fez este convite: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós”, é um convite à comunhão perfeita no amor.

As pessoas querem, ou deveriam querer, constituir um dia suas famílias. No entanto, sem os valores de Cristo, sem o amor que Ele nos ensinou fica praticamente impossível que esta união se mantenha. O que no início começa com paixão, acaba em ódio e em mágoas.
Nós estamos cansados de ver por aí casais que não se respeitam, são egoístas nas suas individualidades, consumidores de um capitalismo selvagem. Nós somos quase que programados, formados por uma mídia sem valor. Quanto tempo se perde na enfrente de uma TV? E não temos ao menos uma hora na semana para a comunhão com aquele que é responsável pelos valores que temos na sociedade de hoje.

Que tipo de Cristão é você? Eu outro dia morri de rir com um Padre chamado Fabrício (da Comunidade Canção Nova). Ele fez esta pergunta, depois seguiu: você é daqueles que não vai a missa, que acha que rezar em casa está bom, que não vê necessidade de confessar, de se envolver na comunidade, um cristão não praticando? Entendi: "Você é um Cristão Frouxo"! Foi uma risada só e ele estava certo...

As pessoas hoje querem facilidade em tudo, não querem se envolver em coisas sérias e preferem o “tô nem aí”, mas como construir uma comunidade, uma família sem a Igreja, sem os valores que construíram nossa sociedade Ocidental. Se eu não estou nem aí, vai tudo por água abaixo. É isto que você quer? Então comece a dar um passo na fé! Precisamos por a mão na massa e acabar com o “tô nem aí”. Que Deus nos abençoe!!!

Em 473 d.C. com a queda do Império Romano, o mundo Ocidental ficou entregue aos bárbaros, povos nômades (Godos, visigodos, ostrogodos, francos, germânicos, angros, saxões, hunos, etc). E a Igreja Católica foi fundamental para dar uma cara ao mundo Ocidental que temos hoje... continuo amanhã...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Milagre do Fogo Santo

O milagre do Fogo Sagrado é famoso no mundo da Ortodoxia Oriental, acontecendo da mesma forma, no mesmo lugar, todos os anos ao longo dos séculos. Nenhum outro milagre é tão regular e constante ao longo do tempo. Acontece no Santo Sepulcro na Igreja da Ressurreição, em Jerusalém, um lugar santo na terra, onde Cristo foi crucificado, sepultado, e onde Ele finalmente ressuscitou. Ocorre no dia da Páscoa Ortodoxa, cuja data é determinada a cada novo ano, pois deve ser no primeiro domingo após o equinócio da Primavera e após a Páscoa Judaica. Portanto, na maioria das vezes difere da data da Páscoa Latina, que é determinada através de diferentes critérios.

Cerimônia do Fogo Santo

A fim de permanecer perto do Santo Sepulcro, peregrinos acampam a seu lado. O Sepulcro está localizado na pequena capela chamada “Santo Ciborium”, no interior da Igreja da Ressurreição. Normalmente eles esperam a partir da tarde da Sexta-feira Santa, pois o milagre ocorre no Sábado Santo. A partir das 11:00 da manhã os peregrinos e os cristãos orientais cantam hinos tradicionais em voz alta. Estes cânticos são da época da ocupação otomana de Jerusalém, no século XIII, um período em que os cristãos não eram autorizados a cantá-los em qualquer lugar, apenas nas igrejas. “Nós somos cristãos, temos sido cristãos por séculos, e seremos para todo o sempre. Amém.” Eles cantam ao som de tambores. Os percussionistas ficam sobre os ombros uns dos outros, e dançam em torno do Santo Ciborium. Às 13hs os cânticos silenciam. “Um silêncio tenso, esperando a antecipação da grande demonstração do poder de Deus, para que todos possam ver”.
Pouco depois, uma delegação de autoridades locais abre caminho através da multidão. Na época da ocupação otomana da Palestina eram muçulmanos otomanos, e hoje são israelenses. Sua função é representar os romanos na época de Jesus. Os Evangelhos falam dos romanos que foram para fechar o túmulo de Jesus, para que seus discípulos não fossem roubar seu corpo e afirmassem que ele tinha ressuscitado. Da mesma forma as autoridades israelenses, juntamente com as autoridades das outras Igrejas, se dirigem ao sepulcro na Sexta-Feira Santa, após o Ofício das Exéquias de Cristo, para lacrar o túmulo com cera, colocando cada grupo o seu timbre. Antes disso, porém, apagam todas as lamparinas da igreja, entrando em seguida no local do sepulcro para verificar a existência de qualquer fonte de fogo escondida, o que tornaria o milagre uma fraude.
No dia seguinte (Sábado Santo), antes do início da cerimônia, as autoridades israelenses vão novamente à igreja para romper o lacre e abrir a porta do santo sepulcro, e, antes que o Patriarca ali entre para receber o fogo santo, o revistam, para verificar se ele carrega algo que possa produzir fogo.

Como o Milagre Acontece?

"Eu entro no túmulo e me ajoelho com temor e respeito em frente ao lugar onde os cristãos colocaram o corpo do Senhor depois de sua morte e onde Ele ressurgiu dentre os mortos”, disse o saudoso Patriarca Ortodoxo de Jerusalém Diódoros. “Ali eu digo algumas orações que são proferidas por nós através dos séculos e, tendo-as dito, espero. Às vezes eu espero por alguns minutos, mas normalmente o milagre acontece imediatamente depois de eu ter dito as orações. A partir do centro da grande pedra sobre a qual o corpo de Jesus repousou, é lançada uma luz indefinida. Ela geralmente tem uma tonalidade azul, mas as cores podem variar. Ela não pode ser descrita em termos humanos. A luz nasce da pedra como névoa e aumenta, parecendo um lago - como se a pedra fosse coberta por uma nuvem úmida, mas é luz. A cada ano esta luz se manifesta de forma diferente. Às vezes, abrange apenas a pedra, enquanto outras vezes ilumina todo o sepulcro, de maneira que as pessoas que estão fora do túmulo o vejam cheio de luz. A luz não queima - eu nunca tive a minha barba queimada durante os dezesseis anos que sou Patriarca de Jerusalém e de ter recebido o Fogo Sagrado. A luz é de uma consistência diferente do fogo normal que arde em uma lamparina de azeite. Em um momento, a luz aumenta e forma uma coluna, na qual o fogo é de uma natureza diferente, e posso acender minhas velas nele. Quando recebo a chama nas velas que trago nas mãos, saio e passo o fogo santo primeiro ao Patriarca Armênio, e depois para o Patriarca Copta. Depois passo a sagrada chama a todas as pessoas presentes na Igreja."
O Fogo Santo não é apenas distribuído pelo Arcebispo, mas também opera por si só. É emitido a partir do Santo Sepulcro com uma tonalidade completamente diferente da luz natural. É brilhante, pisca como relâmpago, como uma pomba que voa em torno do tabernáculo do Santo Sepulcro e acende sozinha a lamparina apagada de azeite pendurada em sua frente. O fogo gira de um lado da igreja para o outro. Ele adentra em algumas das capelas no interior da igreja, como, por exemplo, a Capela do Calvário (localizada um nível acima do Santo Sepulcro) e acende as lamparinas. Ele também acende as velas de alguns peregrinos. Na verdade, existem alguns peregrinos piedosos que, cada vez que participaram nesta cerimônia, notaram que suas velas acenderam sozinhas! Essa luz divina também apresenta algumas peculiaridades, pois parece ter uma tonalidade azulada e não queima. Por trinta e três minutos, desde sua manifestação, se o fogo sagrado tocar a face, ou a boca, ou mesmo as mãos dos peregrinos, não queima. Esta é a prova de sua origem divina e sobrenatural. E o fogo sagrado aparece apenas pela invocação de um Arcebispo Ortodoxo, e somente na Páscoa Ortodoxa.

Há Quanto Tempo Ocorre o Milagre?

O primeiro registro conhecido sobre o Fogo Sagrado é datado do século IV, mas autores escreveram que esses acontecimentos se deram já no século I. São João Damasceno e São Gregório de Nissa narram o modo como o Apóstolo Pedro viu o Fogo Sagrado no Santo Sepulcro de Cristo depois da ressurreição. "Podemos traçar o milagre através dos séculos em muitos relatos da Terra Santa." O abade russo Daniel, em seu relato, escrito entre os anos 1.106-1.107, apresenta o "Milagre da Santa Luz", e explica detalhadamente a cerimônia em que o mesmo ocorre. Ele recorda a forma como o Patriarca vai para a capela-Sepulcro (Anastasis –“Ressurreição”), com velas nas mãos. O Patriarca se ajoelha na frente da pedra sobre a qual Cristo foi colocado após a sua morte, e faz algumas orações, ao mesmo tempo o milagre acontece. A luz surge do meio da pedra - uma luz azul, luz indefinível que, após algum tempo, acende as lamparinas de azeite, bem como as duas velas que o Patriarca traz consigo. Esta luz é "o Fogo Sagrado", que é passado a todas as pessoas presentes na Igreja. A cerimônia do "Milagre do Fogo Sagrado" pode ser a mais antiga cerimônia cristã no mundo, uma vez que, como já foi dito, ele é registrado a partir do quarto século d.C., até os nossos dias. A partir destas fontes torna-se evidente que o milagre foi celebrado no mesmo local, na mesma festa, e no mesmo tempo litúrgico em todos estes séculos.