segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Exílio da Babilônia

Em meados de 598 a.C. os babilônios conquistaram o Egito, Judá e Jerusalém, iniciando a primeira das três deportações que levaram para a Babilônia cerca de 4.500 judeus, sendo uma pequena parte da elite dirigente, artesãos, sacerdotes e escribas. Enfim, gente que poderia liderar uma revolta contra o poder invasor.
O exílio foi a mais grave crise pela qual passou o povo de Deus, pois ele perdeu suas principais referências: a terra, que passou a pertencer a um rei estrangeiro e não mais ao povo (lm 5,16); o rei, o ungido de Deus para guiar o povo, que estava morto ou exilado (lm 5,16); a Lei, que regia os relacionamentos dentro do povo (lm 2,9); o templo está destruído e Jerusalém não é mais a capital (lm 1,1); o povo agora é escravo morando em sua própria terra (lm 5,4).
Os primeiros escritos do exílio mostram bem a crise política e religiosa que levaram muitos a abandonarem a religião e a voltar para práticas religiosas antigas (Jr 44,17).
São desta época os livros: Lamentações, a redação final de Jeremias, Ezequiel e o segundo Isaías. Este foi um período de conscientização, de reflexão, sendo a primeira preocupação do profeta evitar que o exílio acabasse com a identidade do povo de Deus. Mostrar que o povo teve responsabilidade pela situação, a desobediência, e não Javé que era um Deus fraco, derrotado por Marduc (Deus estrangeiro).
Foi nesta época que veio a concepção do Gênesis (mitologia babilônica), que foi desmistificada e racionalizada, e que dando o sentido do paraíso (Jardim do Édem) a um lugar bonito, que de lá viemos e para lá vamos retornar. O povo vai entender que Javé é o único Deus e os outros não são Deuses (Isaías 43,10 e 44,6), tendo a certeza de que a libertação estaria próxima (Isaías 41, 1-7 e 45, 1-7).
O profeta Isaías reconstitui as promessas antigas de que Deus é Senhor da história (Isaías 46-47). O profeta Ezequiel mostra que Deus não está preso a uma determinada terra. Deus está ali, onde seu povo se encontra (Ezequiel 11, 22-25).
Enquanto os livros históricos tratam do "ontem" e os proféticos tratam do "hoje e amanhã", os sapienciais são livros de sabedoria, que falam daquilo que é "sempre", tendo no seu imaginário as questões mais profundas do ser humano e a sua relação com o universo. São livros que ensinam a pessoa a fazer o que gosta, a buscar a felicidade.

Luiz Felipe

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