sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Êxodo

Êxodo (caminho de saída ou aprendizagem no caminho)

Pode-se dizer que o Êxodo é praticamente o início da história do povo de Israel, que estava cativo, escravizado no Egito. Diante deste quadro crítico, alguns clãs (grupos), dentre escravos, já tomavam consciência da realidade e da necessidade de mudar. A eles se juntam os "hapiru", que eram pobres sem terra e sem lugar fixo, vivendo em bandos e lutando pela sobrevivência. Do nome "hapiru" vem a palavra "hebreu".
A libertação começa em mais ou menos 1.250 a.C. quando Iahweh ouve o clamor do povo e envia Moisés, que havia nascido hebreu, e fora posto à beira do rio para ser encontrado e mais tarde adotado pela filha do Faraó.
Já crescido, estava Moisés conduzindo o rebanho de seu sogro, sacerdote de Madiã, e chegou ao Horeb, a montanha do Sinai. Quando o anjo de Iahweh lhe apareceu numa chama de fogo, no meio de uma sarça. Iahweh diz que vê o sofrimento, a angústia do povo, e que desceu a fim de libertá-lo. Iahweh aparece como um Deus preocupado e libertador, que conduz o seu povo de uma situação ruim para a liberdade, para a esperança de algo melhor. Ele se apresenta como aquele que É, EU SOU, e envia Moisés aos Israelitas.
Moisés então conduz o povo, que estava cativo no Egito, para a fuga. Durante os quarenta anos que permaneceram no deserto até que chegassem a terra prometida, juntaram-se a este o grupo de Madiã (pastores nômades), o grupo das montanhas (hapirus) e por fim o grupo de lavradores e pastores cananeus.
Os quarenta anos no deserto foram significativos para este povo que se juntou, pois tinham deuses, culturas e vivências diferentes. Este tempo, em que uma geração entrou no deserto, mas uma geração a sua frente saiu, foi duro, com muitas crises, muitas mudanças e o livro do Êxodo nos mostra as tentações de desistir e voltar atrás. Mas foi a mística da Aliança que transformou a diversidade dos grupos e formou a consciência da fé de um povo na crença em um único Deus, Iahweh, o Libertador. O povo ocupa a terra prometida e adota a justiça comunitária e a partilha como política a ser aplicada. Tudo é de todos conforme a sua necessidade.
Na leitura do livro do Êxodo 3, 1-15, Deus aparece como o Deus dos antepassados, das gerações (cf.3,6), mas ainda é um Deus distante do homem. Quando Ele manda Moisés tirar as sandálias (cf.3,5), quer mostrar que aquele solo é santo, mas também quer dizer que Moisés deve ser humilde, humilhado diante Dele, pois as sandálias eram um sinal de status, os escravos não usavam sandálias. A imagem é de um Deus temido, e de tal modo transcendente que uma criatura não podia vê-lo e continuar viva (cf.3,6a).
Deus quando fala a Moisés se mostra atento, preocupado, cuidadoso, misericordioso, conhecedor das angústias dos que sofrem (cf.3,7). Mostra-se como aquele que vem libertar, como incentivador, que vem dar coragem, providenciando uma situação melhor - subir desta terra para uma terra boa e vasta, terra que mana leite e mel (cf.3,8). O povo trabalha e usufrui do próprio trabalho. Se mostra um Deus que está junto (Eu estarei contigo) que envia, que capacita e que dá forças para servi-lo (cf.3,12). Deus se mostra como "Eu Sou aquele que É" (cf.3,14), o Senhor dos exércitos, aquele que está acima de todos, aquele que é único e poderoso.

Luiz Felipe

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